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Clarissa Mattos - Baiana de Salvador, administradora de empresas e pós-graduada em Marketing e E-Business, nos últimos anos tem atuado nas áreas de comunicação e marketing. Hoje mora em De Bilt e, além de música, cinema, literatura e fotografia, adora conhecer novas pessoas, lugares e culturas.
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Bimhuis: uma casa de bamba
Texto: Clarissa Mattos
Fotos: Ron Beenen ©2008
Reprodução proibida
Filha de Martinho da Vila conquista Amsterdã e mostra que simplicidade e autenticidade são a cara do novo samba brasileiro.
Eram 9:10 da noite da última quarta-feira, quando a menina de Vila Isabel, filha de um dos grandes nomes do samba, entrou no palco do Bimhuis. Esta é uma sala situada em Amsterdã dedicada ao jazz, world music e outros estilos nos quais o improviso e novas tendências estão presentes. Um espaço pequeno, intimista mesmo. O palco fica bem próximo do público e a platéia distribuída em formato de auditório ainda a faz mais aconchegante. A minha impressão é de que tudo parecia estar esperando por ela há muito tempo e bem à vontade, Mart'nália fez do Bimhuis uma verdadeira casa de bamba.
No primeiro set, a sambista desfilou o diversificado repertório do seu quinto e mais recente álbum Menino do Rio, combinando-o com sucessos de outros trabalhos. A composição Pé do meu Samba, do padrinho musical Caetano Veloso e título do álbum anterior, foi um momento marcante. O impagável e irresistível samba Cabide, uma bela surpresa de autoria de Ana Carolina, empolgou e levantou o público. Mas a espontaneidade e o imenso sorriso da cantora e percussionista são mais contagiantes do que qualquer hit. A singela e ao mesmo tempo poderosa presença de Mart'nália - especialmente para quem está longe do Brasil - nos transporta para um ambiente descontraído, algo com cheiro de casa ou de boteco da esquina. Lembra feijão no fogo, gente na varanda, conversa fiada, cerveja gelada e samba, muito samba.
Nascida no berço dourado do samba carioca, a também compositora não deixou de lado a simplicidade e autenticidade ao se vestir e ao homenagear os grandes mestres. Seu pai, Martinho de Vila, foi lembrado através das canções Ex-amor e Disritmia. No segundo set, compositores consagrados como Vinícius Moraes, Adoniran Barbosa e outros poetas da MPB e do samba, através da malandra voz de Mart'nália, pisaram e reinaram no terreiro do Bimhuis. Essa mesma voz que por vezes - sem nenhuma intenção de fazer comparações - me lembra a o malemolente timbre de Elza Soares, trouxe emoção ao cantar Samba do Avião e muita energia ao fechar o show com sambas-enredos da sua Vila Isabel e uma jam session de batucada. A única coisa que sobrou foram as cadeiras. Impossível, ficar sentado.
Com uma banda formada por violão, baixo, quatro percussionistas e a sua irmã Analimar, que além de percussão, faz backing vocals, Mart'nália comprovou que quem nasce na Vila realmente aprende mais cedo e a Fundação A Hora do Brasil provou estar no caminho certo ao promover a cultura brasileira através do projeto Brazilian Summer Sessions.
Banda:
Mart'nalia: voz, violão, percussão
Analimar Ventapane: vocal, percussão
Alfredo (Doca) Machado: violão
Jorge Ailton: Baixo, vocal
Menino Ovídio: cavaquinho e percussão
Cassiano: percussão
Jr. Crispin: Percussão
Macaco Branco: percussão
- 20/07/2008
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