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Clarissa Mattos
- Baiana de Salvador,  administradora de empresas e pós-graduada em Marketing e E-Business, nos  últimos anos tem atuado nas áreas de comunicação e marketing. Hoje mora em De Bilt e, além de música, cinema, literatura e fotografia, adora conhecer  novas pessoas, lugares e culturas.




Lazzo Matumbi: a última sessão de um verão bem brasileiro

Texto: Clarissa Mattos
Fotos: Ron Beenen



Foi com muita surpresa que, ao passar no corredor do Bimhuis, vi um cartaz anunciando o show de Lazzo Matumbi. Pensei: Lazzo Matumbi na Holanda? Talvez muitos do que estão lendo esta coluna não o conheçam, mas Lazzo é um dos mais talentosos s cantores e compositores baianos. Ele é capaz de expressar a mulitculturalidade baiana de forma quase definitiva e a Fundação A Hora do Brasil não poderia fazer escolha mais acertada para o último show do Brazilian Summer Sessions.

Lazzo representa um resumo da musicalidade baiana, brasileira e negra. Ele começou a sua carreira no Ilê-Ayê, legendário bloco de carnaval baiano e a sua música carrega uma indelével marca da cultura africana. Mas, influenciado por ícones como Marvin Gaye e James Brown, ela mescla como niguém a sua base afro-baiana com estilos musicais americanos.

A atmosfera do Bimhuis era de expectativa. Dava para sentir que a maioria das pessoas que ali estavam não sabiam o que esperar do show. Após a apresentação das diretoras da Fundação A Hora do Brasil, o público já imaginava que uma mistura de brasilidade, soul e funk, envolvida por uma voz contundente estava por vir.


No repertório, não faltaram os hits "Do Jeito Que Seu Nego Gosta", "Coração Rastafari" e "Alegria Da Cidade", mas ele também passeou por canções de outros compositores já consagradas pelo público. Mantendo o seu estilo inconfundível, Lazzo cantou sucessos de Roberto Carlos, Luiz Melodia, Ana Carolina e Caetano Veloso. Assistir a uma apresentação do Lazzo Matumbi significa viajar nas mais diversas facetas da música negra, sem nunca tirar os pés da Bahia. É viagem garantida aos tambores africanos, ao suingue latino, ao balanço do reggae e ao lamento do blues e soul americanos.

Após a terceira música, Lazzo se sentiu à vontade e conseguiu expressar toda a sua versatilidade mas, ao dirigir com mãos firmes a apresentação, fez com que a banda não entrasse no mesmo clima relaxado da sua música. Na segunda parte do show, Lazzo conseguiu manter a energia, quando entrou com o pandeiro nas mão e cantou uma versão tocante de "Juventude Transviada" de Luiz Melodia. 

O público correspondeu com entusiasmo durante todo show, mas no bis, contribuiu de forma única e surpreendente: o sucesso "Me Abraça, Me Beija", com a ajuda de um espectador, ganhou um refrão em holandês. Regidos por um sorridente Lazzo, o público nos premiou com um final contagiante de show e da temporada do Brazilian Summer Sessions. Garanto que todos já esperam ansiosos pela agenda de 2009.

- 30/09/2008


 

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