Lula: mundo precisa produzir mais alimentos para os mais pobres
Clivia Caracciolo, Amsterdã, 10 de abril de 2008.
O presidente Luis Inácio Lula da Silva no primeiro dia de visita oficial
à Holanda fez um chamado ao mundo inteiro para que mais comida seja
produzida a fim de alimentar os mais pobres. Ele fez essa declaração
respondendo à pergunta de como ele via o aumento da inflação no mundo,
incluindo o Brasil.
De acordo com o presidente, ele vem acompanhando o fato de que a
inflação no mundo está crescendo seja no Chile, no Brasil, na Europa
porque há uma pressão de determinados alimentos que está fazendo com que
a inflação suba em alguns países. E Lula apontou a razão: “há mais
pobres comendo no mundo, na China, na Índia, no Nordeste e periferias do
Brasil, na América Latina, na África e tudo isso aumenta a pressão por
alimentos e por isso é que estou convencido de que se precisa produzir
mais”.
Citando o caso do Brasil, Lula apontou dois produtos, o feijão e o
leite, como sendo os maiores responsáveis pela alta nos preços e
correspondem a 0,7% da inflação “e que se não fossem esses dois
produtos, o índice seria de 3,8%”. A meta do governo Lula é de que o
índice anual da inflação fique em torno dos 4,5%.
Ainda dando explicações sobre o aumento da inflação e respondendo a
acusações de que seu governo estaria deixando de ocupar campos com
plantações de produtos para a alimentação e incentivando se plantar a
cana de açúcar para o etanol, mais uma vez o presidente saiu em defesa
do bicombustível brasileiro, o tema que até o momento centraliza as
discussões paralelas desta visita. “Não me venham com o discurso de que
o problema são os bicombustíveis, de que eles estão causando o aumento
na crise (produção) de alimentos”.
De acordo com presidente, o Brasil pode resolver com muita facilidade a
questão de terras para cultivo porque “dos 851 milhões de hectares do
Brasil, 400 milhões são de terras agriculturáveis e só de terras que
eram pastos e estão degradadas e podem ser recuperadas para plantar o
que nos quisermos, nos temos aproximadamente 60 milhões de hectares, ou
seja, muito mais que muitos países têm na sua totalidade”.
O primeiro ministro holandês Jan Peter Balkenende, ao lado do presidente
Lula, na declaração conjunta foi mais genérico ao responder sobre a sua
opinião quanto ao aumento da inflação mundial e disse que é grande a
preocupação da Holanda quanto à produção de biocombustíveis e os
aspectos ecológicos e ambientais em combinação com o aumento da
inflação. Balkenende acrescentou que a Holanda tem muito interesse em
desenvolver parcerias com o Brasil nestes campos e assim manter a
posição de segundo maior parceiro comercial do Brasil, posição que fica
atrás somente dos Estados Unidos.
Nesta sexta-feira, o presidente Lula encerra sua vista a Holanda e após
fechar acordos de cooperação, principalmente, ligados ao PAC, Programa
de Aceleração do Crescimento, ele segue para outra visita de estado,
desta vez à República Checa.
10/04//2008
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