COMEÇAR DE NOVO
Denise Parma
Começar de novo. Por que isto é, às vezes, tão difícil? Será por que o recomeçar se faz a partir do fracasso, do dessaranjo de um começo? O que leva muitos sequer a tentarem começar de novo? O medo? A covardia? O comodismo? Ou a lei da natureza, a que
faz desistir aos mais fracos, ou menos loucos, aos que sonham, mas não ousam?...
O ser humano tem uma extrema capacida de adaptação. Porém, esta capacidade pode funcionar como uma faca de dois gumes. Se, por um lado, eleva-o à condição de ser desafiante, conquistador, por outro lado, rebaixa-o ao comodismo.
Força de vontade, coragem, sacrifícios, ou uma boa dose de loucura, são elementos indispensáveis no início de certas empreitadas.
Mudanças não são fáceis; mas, às vezes tornam-se necessárias. Tirar a máscara diante do espelho, olhar-se diretamente – com olhar de crítico, e não de pena - analisar a imagem refletida - sem fingimentos -, mas com o discernimento de quem procura a verdade em si mesmo, não é tarefa fácil.
Concluída a análise, descobre-se ser terminada a farsa. E agora? Como recolocar a mascara depois de caído o reboco da cara?
Acabado o sonho, terminada a ilusão, a realidade bateu-me de frente com luvas de boxeador experiente. Apesar disto, insisto em acreditar na vida. Recomeçar, apesar de difícil, não é tarefa
impossível. É coisa de louco; mas, de louco pensante.
Os resultados nem sempre são rápidos, mas um dia chegam. Pode doer; mas, a dor, com o tempo “que tudo faz passar”, também desaparece. Sou teimosa, ou louca. Quem sabe? Teimo em sonhar. Mas, desta vez, com os olhos bem abertos. Talvez, assim, conseguirei evitar um novo nocaute.
© Denise Parma 2006
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