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Denise Parma é piaiuense, atualmente mora em Purmerend e representante da REBRA(Rede Brasileira de Escritoras) na Holanda. Gosta de livros, poesia e pintura. Escreve histórias infantis. Obra Publicada: O Desafio de Aileen, infanto-juvenil, Editora Scortecci, São Paulo,2004. 


Nederland - doelwitland

Denise Parma

 

(Numa coluna publicada alguns anos atrás, falei dos meu temores sobre um ataque terrorista acontecer na Holanda. Sempre acreditei ser possível isto acontecer aqui. Os ataques ocorridos na Espanha e na Inglaterra contribuíram para aumentar essa crença. Lembro que fui criticada por alguns leitores que não concordaram com meu ponto de vista. O tempo, porém, parece querer colocar a razão do meu lado, coisa que gostaria que não acontecesse, pelo menos desta vez.)

Esta semana, os jornais anunciaram o que todo mundo já sabe: a Holanda é alvo do grupo terrorista Al-Qaeda, chefiado por Bin Laden. A lógica é muito simples: quem é amigo dos Estados Unidos não pode ser amigo de Bin Laden. Com o envio de tropas para o Afeganistão e Iraque, a Holanda, outrora neutra em outras questões, preferiu o hambúrger ao camelo.

            O governo holandês tomou algumas providências para, pelo menos, tentar evitar um ataque terrorista:

  • Foi criado um sistema de alarme para alertar empresas particulares e de prestação de serviços ( Schiphol, portos e indústrias petroquímicas em Roterdã, companhias de abastecimento de água, a rede de transporte público, como trens, ônibus e metrôs, companhias de gás e eletricidade, companhias nucleares, financeiras) em caso de uma ameaça mais grave.
  •  A polícia ferroviária recebeu treinamento para o reconhecimento de ações preparatórias para um ataque nas linhas de trem.
  •  Criação uma unidade de intervenção formadas pelo exército e policia militar.
  • De AIVD (Algemene Inlichtingen- en Veiligheiddienst) recebeu melhores possibilidades de investigação, etc.

            Acredita-se que atentados tenham sido evitados com a prisão de um grupo formado por jovens muçulmanos radicais, em Amsterdã, designado como 'De Hoofstad Group", liderado por Samir A. Grupos como este são geralmente formados em atendimento à convocação de líderes do Al-Qaeda, como Abu Musab Al-Suri, o cérebro por trás dos atentados em Madri, preso no Paquistão.

            E, os holandeses, como reagem a essas notícias? Segundo uma pesquisa realizada pelo NCtb(National Coördinator Terrorismebestrijding), dilvulgada pelo jornal De Telegraaf, somente um de cada cinco holandeses entrevistados tem um ataque terrorista como preocupação número um.

            Eles têm razão. Não adianta querer ficar adivinhando onde ocorrerá um ataque terrorista, já que uma de suas características é o fator "surpresa". Outra particularidade é o número de vítimas: quanto mais, melhor. Como evitar-se ser uma delas? Evitar lugares com grande aglomeração de pessoas? Basta pegar um trem e as probabilidades aumentam. Então, vai-se deixar de ir ao trabalho, à escola, ao show do artista preferido? Natuurlijk niet!

             Ede, bibe, lude! Post mortem nulla voluptas.*

 

* Eet, drink, speel! Na de dood is er geen plezier meer!

© Denise Parma 2006

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