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São Nicolau alegra e movimenta crianças e adultos na Holanda
Bem no começo de dezembro, quando o vento sopra mais forte fazendo com que caiam as folhas das árvores, em todos os lugares da Holanda sente-se um clima de expectativa, pois esta é a época de São Nicolau. Os comerciantes preparam as mais atraentes vitrines, as ruas vibram de animação, e dentro das casas a já célebre hospitalidade holandesa chega a seu ponto máximo durante os serões, com toda a família reunida ao redor da lareira, ocupada com a preparação do grande dia que está para chegar.
A noite de São Nicolau
Afinal São Nicolau não pode ser bondoso o tempo todo
Antes da visita às escolas e casas onde há crianças para lhes dar presentes, na noite de 5 para 6 de dezembro, São Nicolau faz sempre uma entrada solene em cidades e vilas; às vezes há uma recepção oficial programada pelas autoridades municipais. Na ocasião, ele percorre as ruas num desfile triunfal, espalhando biscoitinhos de especiarias e nozes (pepernoten) aos punhados entre as crianças que se aglomeram nas calçadas. A noite ele também coloca uma surpresa dentro do sapatinho de cada uma delas, em troca do feno, cenoura ou da aveia que tenham deixado junto à lareira para o cavalo que leva Sinterklaas pelas cidades- a menos que tenha descoberto alguma travessura passada, durante sua cavalgada de inspeção por sobre os telhados.
São Nicolau ocupou sempre um lugar muito importante nos corações do povo de Amsterdam. Na verdade, foi escoIhido como padroeiro daquele grande porto devido a uma lenda do século VI, quando consta que acalmou as ondas e restituiu a vida a um marinheiro, após um naufrágio.
Perto da Estação Central, em Amsterdam, há uma igreja chamada St. Nicolaaskerk, dedicada ao Bispo de Mira e numa das casas da praça do Dam uma escultura ilustra um dos numerosos milagres atribuídos ao santo. O alto relevo mostra três crianças dentro de um barril; conta a lenda que elas foram ali colocadas pelo malvado dono de uma estalagem que as transformou em recheio de pastel. Mas ressuscitaram graças a São Nicolau.
São Nicolau é também personagem importante para os habitantes de Ameland, uma ilha da Frísia famosa por sua beleza natural intacta. Neste caso entretanto, a causa da notoriedade é um tanto diferente. Assim que a tarde cai, em 5 de dezembro, o pessoal de Ameland se disfarça sob lençóis brancos e percorre a ilha à cata de mulheres; durante todo o tempo eles tocam uma espécie de corneta. O intuito é prevenir as mulheres de que, neste dia especial, estão proibídas de sair à rua entre 5 e 7 da tarde. Se alguma delas for vista perambulando dentro desse horário, será perseguida através da vila por aparições fantasmagóricas armadas de varas flexíveis, e será por fim lançada ao lago.
Depois da ceia, os homens procuram as moças de Ameland nas estalagens. Grupos de mascarados as rodeiam e forçam a pular por sobre varas estendidas no chão, ao som das cornetas, e algo infeliz poderá acontecer àquela que for ousada bastante para recusar-se à brincadeira.
Este predomínio masculino só termina à meia-noite quando então os disfarces são colocados de lado, ouve-se música por todos os cantos, a dança começa, e as mulheres voltam a ter tudo à moda delas por mais um ano.
Como surgiram essas festividades e qual a origem?
Várias crenças tradicionais de origem bárbara estão igualmente associadas às festividades de São Nicolau; por exemplo, o hábito do santo de cavalgar nas asas do vento (por sobre os telhados) e jogar presentes pelas chaminés; o costume de oferecer feno e aveia a um cavalo fantasma, junto às lareiras etc. A popularidade do Bispo de Mira na Holanda decorre provavelmente do fato de São Nicolau ser o patrono dos marinheiros; nada mais natural que ele seja colocado em lugar de honra numa nação de navegantes.
São Nicolau é considerado habitante de Mira na Ásia Menor (Turquia) onde, no século IV, ficou famoso como bispo por sua gentileza e generosidade. Mas só seis séculos após sua morte é que se tornou realmente conhecido no mundo ocidental. Isso aconteceu no ano de 1087 quando alguns mercadores transferiram seus restos mortais de Mira (então ocupada pelos Sarracenos) para a cidade de Bari, no sul da Itália. Foi então descoberto que seu esqueleto exsudava um óleo com poderes curativos milagrosos; e assim a fama do santo espalhou-se rapidamente e o porto de Bari transformou-se em local de peregrinação.
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