Jazz toma conta de Haia em maio
Texto: Arnild Van de Velde
Fotos: Marcia Curvo
Kaat Hellings é um nome a se guardar. Atriz, compositora e cantora, esta belga de 27 anos foi o destaque do lançamento da segunda edição do "The Hague Jazz Festival", marcado para os dias 18 e 19 de maio, no World Forum Convention Center (WFCC), em Haia. Convidada para com sua música intercalar falas de organizadores, produtores e patrocinadores, Hellings e suas composições envolventes revelaram-se fortes atrações do festival, no qual os solos de piano da última quarta-feira darão lugar ao trio que ela forma com um clarinetista e um baterista.
Os três se apresentarão ao lado de artistas 'tops de linha' do calibre dos brasileiros Tânia Maria e Marcos Valle, dos norte-americanos Candy Dulfer e Al Di Meola, do francês Jean-Luc Ponty, ou do holandês Jan Akkerman, no festival criado para preencher a lacuna deixada pelo "North Sea Jazz Festival", que a partir de 2006 passou a ser realizado em Roterdã. "The Hague" é um negócio de 900 mil euros, projetado para atrair entre sete e oito mil espectadores/dia, com ingressos que tornam atrativo o cálculo da relação custo/benefício da ida ao evento : EUR 37, 50 por uma noite, e EUR 60 pelas duas.
"Preços bacanas", como disse Ruud Wijkniet, diretor do festival, para quem o valor das entradas deve-se muito à cooperação de 26 patrocinadores. Ele, que durante 29 anos participou da organização do "North Sea", se viu na incumbência de não deixar que Haia sumisse do calendário dos festivais internacionais de jazz, depois que Roterdã abocanhou o maior acontecimento do gênero no país. Uma parceria com o WFCC permitirá que assim seja durante os próximos cinco anos.
Destaques
Entre os destaques das duas noites estão ainda as participações especiais das Bandas Spyro Gyra, Earth, Wind& Fire, Black Mambazo, Kid Creole & The Coconuts. O percussionista holandês Martin Verdonk, a alemã Joy Denalane – uma das mais requisitadas cantoras de seu país, na atualidade – , mas sobretudo a esperada apresentação da cantora espanhola Montserrat, que reunirá bolero, sua especialidade, à bossa brasileira, sob a batuta do renomado maestro brasileiro Roberto Menescal, darão ao festival um toque moderno, eclético, surpreendente, segundo opinião especializada.
A participação brasileira no festival está sob a assessoria da Brazilian Music Connection (BMC) . A empresa, cujo escritório fica em Breda, pretende acelerar a inclusão da música brasileira no mercado holandês, e um festival deste porte revela-se uma oportunidade incomparável para torná-la mais familiar ao público local, como ressaltou a diretora Aline Stanworth.
Durante dois dias, 67 participantes divididos em dez palcos, oito deles rebatizados – Chez Ella, Louis' Basement, Nina's Overnight, Blakey's Corner, Miles'Home, Glenn's Blue Note, Chet House 1 e Chet House 2 – e o espaço extra The A Train (uma tenda externa com capacidade para três mil pessoas), devolverão a Haia o posto de capital holandesa do jazz. A estrutura de apoio incluirá uma ala de descanso, bares e uma loja de souvenir, além do serviço de catering. O início das apresentações está marcado para as 18h, e a previsão de encerramento é para no máximo 2h. Já no dia 16, porém, os organizadores prometem uma prévia ao agrado de todos os gostos.