Quem sou eu? Quem é você, Susana Jas?*
Maria Bethânia S. dos Santos
Viver em outro país sempre nos faz pensar: nas diferenças entre as atitudes,
nas convenções, nas posturas, no que parece comum, no que nos causa espanto.
Será que somos tão diferentes assim?
Se quase sempre o que o ser humano busca é a felicidade, então somos todos iguais.
Se todo mundo procura seu lugar ao sol, então quais são as nossas diferenças?
Bom..
Acredito que a diferença esteja no que você faz enquanto busca algo maior. Na forma
como você lida com o stress, na maneira como você lida com o outro.
E aqui, eu iria um pouco mais além, na forma como você PERCEBE o outro.
Quem‚ esta mulher?
Uma estrangeira a mais?
Pela cor do cabelo..seria ela turca? americana? latina? africana?
O que faz esta mulher aqui? Por que veio para cá ?
O que ela procura?
Será que gosta de doce ou prefere salgado?
O que não teve no país dela que procura aqui?
Ser que tem cultura? berço? educação?
Que livros já leu? Que shows já assistiu?
O que ela tem para contar?
O que poderíamos aprender com ela?
O que fez ela mudar?
Será que conhece outros lugares?
Veio para ficar ou estaria só de passagem?
O que temos a ganhar com ela aqui?
No meu imaginário seriam estas algumas questões necessárias para
a gente “tentar” conhecer alguém perdendo o extremo mau gosto de
pré-julgar. Quem julga não pergunta, pois acredita que já sabe.
Mas, conhecer‚ é muito mais do que perceber.
É notar o que as palavras não dizem. E isso leva tempo.
Em culturas diferentes então, isso requer muito aprendizado.
Observações...”estudo” do outro no que ele tem de mais peculiar.
Afinal, usamos outros códigos. Outros sinais.
Até‚ nossa linguagem corporal "fala" diferente.
Muitas vezes, melhor não perguntar.
Outras vezes, o ideal - é interferir.
Em algumas situações é mais saudável apenas observar.
E até chegar o momento em que possam nos perceber, entender - para então nos conhecerem,
resta-nos a opção de não encolhermos, não nos intimidarmos.
Enfretarmos a Rainha de Copas tal qual Alice - mesmo sabendo que não estamos no País das Maravilhas?
Ou será que estaríamos?
*Dedico este texto – com carinho – à Susana Jas.
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