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Clarissa Mattos
- Baiana de Salvador,  administradora de empresas e pós-graduada em Marketing e E-Business, nos  últimos anos tem atuado nas áreas de comunicação e marketing. Hoje mora em De Bilt e, além de música, cinema, literatura e fotografia, adora conhecer  novas pessoas, lugares e culturas.


Os Tabus da Holanda

Clarissa Mattos

 

 

Ontem li sobre o resultado de uma pesquisa feita pela TNS-Nipo com 1.200 pessoas sobre os tabus holandeses. Abaixo a lista dos dez mais

1. Desejos incestuosos

2. Abuso de esposa ou criança

3. Roubar algo de valioso do chefe

4. Abuso e violência contra animal doméstico

5. Assédio Sexual ao colega

6. Precisar de álcool para funcionar bem no trabalho

7. Ser infiel ao parceiro

8. Contratar os serviços de uma prostituta

9. Ter uma doença sexualmente transmissível

10. Usar de força física ou pressão psicológica para obter sexo

O que vemos neste Top 10 holandês é que 8 estão relacionados a sexo. Sendo que os dois primeiros relacionados a sexo e violência na família. A infidelidade e a prostituição também marcam posição entre os dez mais. Sem falar na importância dos chefes. Ou seja, é mais aceitável socialmente ser infiel ao seu parceiro do que roubar o seu chefe. Quando leio isso e comparo com a imagem que tenho, ou melhor, tinha da Holanda, algumas coisas não batem. Tirando os dois primeiros (aliás tudo ao que se refere à violência) que não há nem o que se discutir, pois não são tabus e sim crimes. Me surpreende o fato de visitar uma prostituta estar entre os 10 maiores tabus, num país onde a prostituição é legalizada e em que elas se expõem e divulgam os seus serviços em vitrines. A questão de ser infiel, não me surpreende tanto. Até o momento, o que tenho visto por aqui é um maior respeito e maior cuidado com as relações. E as pessoas me parecem sim, mais fiéis. Não sei se vocês repararam, mas assuntos como homossexualismo, eutanásia, aborto, drogas (exceto álcool) não aparecem nessa lista. Esses são assuntos, acredito eu, amplamente discutidos na sociedade e que já não figuram como os mais controversos.

Tenho curiosidade de saber de que partes do país são essas 1.200 pessoas. O que tenho percebido é que a Holanda, apesar de diminuta, está longe de ser um país uniforme em hábitos, costumes e cultura. Já começa pela própria língua. Além do holandês, existem o Frísio, idioma falado no norte e outros dialetos. Sem falar em religião, onde vemos a predominância do catolicismo no Sul e protestantismo no norte e uma maioria que não se considera de religião alguma. A internacional Amsterdam e a imagem de liberalidade, tolerância à drogas e multiculturalismo contrasta com a parte rural do país, onde se vê fazendeiros e famílias tradicionais. Ou seja a Holanda é muito mais do que Amsterdam. Fico curiosa e tento imaginar qual seria o TOP 10 de tabus do Brasil. Não acredito que a infidelidade estivesse entre os dez mais.

E já que estamos falando de pesquisas, tenho que apresentar a vocês o Jan Modaal (algo como João Média), o queridinho dos estatíticos e políticos holandeses. Jan teve um salário anual de €29,000 em 2005, sua mulher não trabalha e seus filhos têm 6 e 11 anos. Os ministros usam o Sr. Média como um exemplo ilustrativo do efeito das políticas econômicas e, é claro, os críticos jogam klompen (tamancos holandeses) no pobre Jan, dizendo que essa é uma figura ultrapassada e uma imagem irreal da média holandesa. Que tal fazermos uma comparação com o nosso Zé Média Da Silva?


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