Fim de semana de Jazz em Haia
Texto: Clarissa Mattos
Fotos: Ron Beenen
Haia respirou jazz neste final semana. Nos dias 18 e 19 de maio, aconteceu o The Hague Jazz no World Forum Covention Center (WFC). O prédio foi tomado de amantes do gênero e por uma atmosfera musical. Na sua segunda edição, o festival atraiu quase 20.000 vistantes, que se espalharam por doze palcos para assistir shows dos mais de 70 artistas. Diversidade, entusiasmo e vigor são partes essencias do jazz e isso foi o que mais se viu nas apresentações de artistas do peso de Slide Hampton, Percy Sledge, do violinista Nigel Kennedy, do guitarrista Al Di Meola e tantos outros.
Quem por lá passou pôde vivenciar, a musicalidade inebriante do violino de Jean Luc Ponty, as canções intimistas e cheias de sentimento de Kaat Hellings, o debut de Sebastian, cantor americano de apenas 17 anos, que por sinal, também se apresentou na After Party no Bel Air Hotel, quando o virtuose Nigel Kennedy estendeu a sua jam session até às 6 da manhã.
E o Brasil? O suingue brasileiro tomou conta do subsolo do WFC. Marcos Valle, apesar de problemas técnicos no início do show, levantou o público e fez os holandeses quebrarem a rigidez até dos quadris com a sua drum'bossa. Tania Maria com sua a energia e espontaneidade no palco, foi ovacionada e presenteou os seu fãs com os seus scats inacreditáveis e belíssimos duelos com a percussão do Mestre Carneiro.
A espanhola Montserrat também representou o Brasil e trouxe emoção ao palco com a latinidade dos boleros envolvidos com o brasileríssimo toque da Bossa Nova nos arranjos de Roberto Menescal.
No Chez Ella, palco principal do evento, o Brasil também foi homenageado pela lenda viva do Jazz, o trombonista Slide Hampton. Ele trouxe o show do seu mais recente album, "Slide plays Jobim" e arrancou não só aplausos, mas também suspiros e lágrimas da platéia com as composições inesquecíveis do maestro brasileiro. Na sua banda estava o trompetista carioca Cláudio Roditi, trazendo ainda mais talento e balanço à genialidade dos arranjos de Mr. Hampton.
O investimento de 900 mil euros gerou resultados consideráveis. Os ingressos de sábado esgotaram-se, mas a direção não se desviou do princípio de manter a atmosfera intimista do festival. O Ruud Wijkniet, diretor do evento, afirma ter feito a decisão mais difícil da sua vida: "Podíamos ter vendido mais 3.500 ingressos extras, de tão grande que era a demanda. No entanto, isto traria prejuízo para a reputação do evento: o The Hague Jazz é um festival feito para o público, onde o seu bem-estar e dos artistas vem em primeiro lugar." A fórmula do sucesso? Ainda de acordo com Wijkniet: preços amigáveis, programação variada e ambiente confortável.
No jazz, o improviso é peça fundamental, já num evento deste porte não há espaço para amadorismo. Não é à toa que já se pensa na 3a edição; dois potenciais grandes patrocinadores já estão comprometidos e já existe data para acontecer. Será nos dias 23 e 24 de maio, em Haia, no WFCC. A possibilidade de mais um dia de festival ainda não foi confirmada.