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Clarissa Mattos
- Baiana de Salvador,  administradora de empresas e pós-graduada em Marketing e E-Business, nos  últimos anos tem atuado nas áreas de comunicação e marketing. Hoje mora em De Bilt e, além de música, cinema, literatura e fotografia, adora conhecer  novas pessoas, lugares e culturas.




Azymuth voa sobre o horizonte de Haia

Texto: Clarissa Mattos
Fotos: Ron Beenen


Azymuth, um verdadeiro ícone da música instrumental brasileira, se apresenta em Haia e lança o seu mais recente álbum Butterfly.



No dia 23 de outubro, um mito da música instrumental brasileira se apresentou no Philipszaal em Haia: o trio Azymuth. O show é o segundo evento promovido pelo The Hague Jazz, seguindo a abertura da temporada na capital holandesa, quando se apresentou o John Abercrombie Quartet.

O nome da banda tem origem numa música de Marcos Valle e Azymuth é um desses casos de excelentes músicos  brasileiros que fazem mais sucesso no exterior do que no Brasil. É bem verdade que o grupo, formado por José Roberto Bertrami (teclados), Alex Malheiros (baixo) e Ivan Mamão Conti (bateria e percussão) fez muito sucesso no anos 70. Músicas como Linha horizonte do primeiro disco em 75, Melô da Cuíca e Vôo Sobre o Horizonte em 77 fincaram os pés nas paradas e algumas participaram de trilhas sonoras de novelas na época.

Depois do sucesso no Brasil, nos início dos anos 80, o trio seguiu para o Estados Unidos. Assim, o público internacional abraçou o indefinível mix de jazz, funk, samba, rock, chamado pelos integrantes da banda de "samba doido" ou crazy samba.  Com o hit Jazz Carnival,  um verdadeiro divisor de águas da world fusion, a banda ficou no topo da parada inglesa por um ano. Presença constante em festivais de jazz e de música brasileira no mundo inteiro, o Azymuth foi a primeira banda brasileira a tocar em Montreux, em 1977.

A noite em Haia comecou com vibrante show da Tiny Little Bigband, uma bela surpresa que se apresentou no The Hague Jazz 2007 & 2008. E depois, já no no Dr Anton Philipszaal, com a chegada do Azymuth, ouvi uma versões cheia de groove brasileiro para What's going on de Marvin Gaye  e ainda a bela Butterfly, de Herbie Hancock - que entitula o álbum lançado este ano. O show com dois sets, também trouxe sucessos de mestres da bossa nova como Águas de Março de Tom Jobim e Oba lá-lá de João Gilberto. E claro, clássicas composições do Azymuth como Manhã, que levantou um leve coro de arrebatados fãs.

O que mais impressionou é que vi alguns rostinhos que me pareciam brasileiros e ouvi português em algum canto do salão, mas os mais entusiasmados fãs,  os que pediam músicas e gritavam "Azymuth!" e "Crazy Samba!" certamente não eram brasileiros. Consequência da longa e ativa estadia do Azymuth no exterior. O grupo lançou mais de 20 álbuns, a grande maioria deles no exterior. Hoje, a grande maioria dos cds só são encontrados no Brasil através de importações.

Alguns momentos de destaque do show: o duelo de pandeiro e tamborins dos membros da banda, os solos inconfundíveis e impecáveis de Ivan Mamão Conti e os experimetalismos de Bertrami que parece ser capaz de extrair musicalidade de qualquer coisa que esteja por perto. Particularmente o que achei interessante foi a diversidade de emoções que o som do grupo trasnsmite. Podem ser melodias de uma suavidade tocante ou balanços que fazem até alma chacoalhar.

A after-party foi comandada pelo DJ Min Lao, que já fez a alegria de muitas das famosas noites no Bel Air Hotel promovidas pela organização do The Hague Jazz. Mais noites como essas estão programadas no Philipszaal e em breve, Cedar Walton, Lynne Arriale (com Randy Brecker como convidado especial) e Georgie Fame se apresentarão.

- 27/10/2008


 

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