Ivan Lins representa o Brasil no The Hague Jazz
Texto: Clarissa Mattos
Fotos: Ron Beenen
Com a 4a edição do The Hague Jazz, Haia assegura o seu lugar de destaque no cenário do jazz internacional e Ivan Lins, acompanhado da Metropole Orkest, representa a música brasileira no festival.
Leio em vários jornais as manchetes dizendo que o The Hague Jazz este ano teve menos visitantes do que o ano passado. Sim, foram 4000 a menos do que em 2008 e talvez seja essa exatamente a razão para que considere 2009 a melhor edição do festival.
No seu 4o ano, o The Hague Jazz, que aconteceu nos dias 22 e 23 de maio, mostrou que, mesmo após a partida do North Sea Jazz para Roterdã, Haia continua sendo um porto importante do Jazz mundial. O festival amadureceu e mostra que veio para ficar. Foram 91 shows espalhados por 12 palcos no prédio do World Forum.
Em tempos de crise, o evento conseguiu atrair um público considerável (21000) e mais importante, conseguiu manter uma atmosfera festiva com conforto para os visitantes. Era possível circular com facilidade e garantir o seu lugar nos shows; mesmo nos mais disputados. A imagem de um evento mais intimista, com ingressos a preços acessíveis foi assegurada.
Ivan Lins
O Brasil foi representado por Ivan Lins. Acompanhado do guitarrista Leonardo Amuedo e da Metropole Orkest, ele apresentou no palco Chez Ella músicas do seu trabalho com a famosa orquestra holandesa. O álbum, lançado no Brasil pelo selo Biscoito Fino, será lançado na Holanda muito em breve.
Sucessos do cantor/compositor como Daquilo que eu sei, Começar de Novo ganharam arranjos surpreendentes. Como convidada especial, Trijntje Oosterhuis, cantora holandesa, interpretou duas canções; dentre elas Let us be always, versão com letra de Carole King. Para fechar, Ivan Lins nos presenteou com uma emocionante Lua Soberana.
O Brasil também esteve presente na apresentação de Dee Dee Bridgewater, cantora de jazz americana, ganhadora de 2 prêmios Grammy. Ela trouxe um show cheio de latinidade e cantou versões em inglês de Deixa de Baden Powell e Vera Cruz de Milton Nascimento. A artista ainda retornou na mesma noite para acompanhar o trompetista sul-africano Hugh Masekela que comemorou os seus admiráveis 70 anos com duas apresentações no festival.
Lendas vivas
Quem esteve no The Hague Jazz teve a oportunidade de ver verdadeiras lendas vivas da música internacional. Rod Mckuen compositor, poeta, cantor americano, emocionou ao subir no palco aos 76 anos de idade e cantar sucessos da sua autoria gravados por outros mitos como Frank Sinatra, Johnny Cash e Madonna.
Comovente também ver o pianista Hank Jones, um mestre do bebop, aos 91 anos se apresentando com a Metropole Orkest. Sem falar na legendária Dizzy Gillespie All Stars, liderada pelos gigantes James Moody (sax) e Slide Hampton (trombone) que tocaram no Louis Basement.
Revelações
O conceito de jazz se renova e amplia a cada dia. Resultado da fusão do tradicional com novas sonoridades e ritmos que chegam. O soul, mais atual que nunca, foi muito bem representado pela estrela em ascensão, Sabrina Starke Um dos pontos altos do festival. Já o hip hop marcou sua presença com a inovadora e inusitada Kyteman Hip Hop Orkest.
A data em que acontecerá o The Hague Jazz em 2010 ainda não foi divulgada.