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Clívia Caraccíolo é jornalista e advogada, nascida em Belém do Pará e cidadã do mundo. Antes de se estabelecer na Holanda, morou em Londres. Especialista em desenvolvimento sustentável, energias renováveis e mudanças climáticas, temas que atualmente está prestando consultoria, mas é apaixonada mesmo por jornalismo multimídia. Viciada em noticiários.

 

Autores estrangeiros censurados bem-vindos em Amsterdã

 

Escritores, poetas, novelistas, autores de teatro, de cinema e de outras categorias das artes literárias, que têm a particularidade de não poderem divulgar livremente suas obras em seus países de origens por estarem sob regimes totalitários, participam da edição 2008 do Festival Internacional de Literatura da Holanda, um dos muitos eventos na programação que marca Amsterdã como a Capital Mundial do Livro.

Por um ano, até abril de 2009, Amsterdã está desfrutando do título conferido pela UNESCO, que, aliás, só confirma a fama da cidade como porto seguro de escritores banidos de seus países de origem, e a tradição secular de dar abertura à impressão e distribuição de livros proibidos no exterior. Esta prática data de 1506 quando foi inaugurada a primeira gráfica do país, então uma república, em que todos já podiam falar e se expressar como quisessem.

Tema
O tema Livro aberto, pensamento aberto pretende promover o diálogo e garantir o direito e a liberdade de opinião e a tolerância, características notórias de Amsterdã e que a conecta com a sociedade atual digitalizada, em que a internet é a prova mais evidente de que a liberdade de expressão não tem mais como ser censurada.  A era da digitalização é um entre outros tópicos específicos como a autocensura e direitos autorais, que também estão sendo discutidos em seminários e simpósios dentro da programação do Ano.

Festival Literário
O festival Internacional de Literatura aberto nesta quinta-feira (24) teve na sua inauguração debates com dois autores famosos e polêmicos da atualidade: Ingo Schulze, um dos líderes de uma nova geração de autores alemães e autor de Vidas Novas (Neue Leben), ganhador de várias premiações.  E David Grossman, um dos mais conhecidos escritores israelenses, do momento. Ele não economiza palavras para confrontar e incitar o diálogo em torno de temas controversos como as relações internas na comunidade judaica ou os preconceitos arraigados por várias gerações.  Poetas e escritores do Iraque e da Jordânia também tiveram a leitura de seus livros e a declamação de suas poesias bastante concorridas.  A escritora e poetisa, Maha Hassan, proveniente da Síria e atualmente vivendo asilada, em Amsterdã, contou que no seu país de origem os escritores pagam um preço muito alto se quiserem expressar livremente sua oposição contra elites e governantes. A eles são apresentadas três opções: o silêncio, a prisão ou o exílio. Ela optou pela terceira opção e não se subjugou ao totalitarismo do atual governo sírio.

Contrastes
Dia 25 e 26, autores de vários países como Índia, França, Irã, África do Sul,  Bósnia e Estados Unidos terão lugar no palco também com declamação ao ritmo de música e leitura de trechos de suas obras e vão discutir sobre o contraste da liberdade de expressão nos os países ocidentais e nos de cultura árabe, por exemplo. O último dia do Festival, domingo, 27 será marcado com eventos não só na Biblioteca Pública de Amsterdã como em vários locais da cidade, onde a poesia poderá ser degustada e apreciada pelos amantes de literatura multicultural.

Ícones
Os representantes de honra do ano de Amsterdã como cidades das letras e da troca de conhecimento são Spinoza (Bento, Baruch, Benedictus, filósofo e dissidente judeu-português), Anne Frank (autora do famoso Diário de Anne Frank) e Anne M.G, Schimdt (autora de livros infanto-juvenil, de letras de música, dramaturga, novelista e teve vários de seus livros transformados em filme e documentários). Apesar dos três terem sido eleitos patronos do evento, somente Anne Frank nasceu e cresceu em Amsterdã, assim mesmo, Spinoza e Annie Schmidt desenvolveram suas carreiras na capital holandesa e sentiam-se verdadeiros “amsterdamers”.

Cartão Postal
Coincidindo com a abertura do evento, o porta-voz da Fundação Anne Frank anunciou que  mais um objeto raro vai ser juntar ao acervo da Casa de Anne Frank: um cartão postal desejando Feliz Ano Novo, enviado a uma amiga da jovem escritora, em Frankfurt.  O cartão foi encontrado no antiquário pertencente ao pai do diretor de uma escola primária, quando ele estava procurando material para dar uma aula sobre a Segunda Guerra Mundial.  Paul van den Heuvel relatou que levou o cartão postal para a escola, usou com os alunos, mas “ só agora é que me dou conta de quanto ele é importante”.

Parceria
O evento que todo ano elege uma cidade como a Capital Mundial do Livro foi iniciado em 2001 pela UNESCO e na metrópole eleita eventos dos mais diversos são promovidos para incentivar a publicação de livros, a leitura e o combate ao analfabetismo. A iniciativa conta com o apoio do Intercâmbio Internacional para a Liberdade de Expressão (IPS/IFEX), Federação Internacional dos Comerciantes de Livros (IBF) e Federação Internacional das Associações de Bibliotecas e Instituições (IFLA). O ano da Capital do Livro inicia-se em 23 de abril, dia Internacional do Livro e dos Direitos Autorais e se encerra no dia 22 de abril do ano seguinte.

Clivia Caracciolo, 24 de abril de 2008.

 

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