O Rap das Armas grudou como chiclete na Holanda, mas a música lançada pelo Mc Cidinho & Mc Doca não toca por aqui na versão original. A pitada holandesa do DJ Quintino contribuiu para que a nova versão remixada agradasse aos ouvidos, e o novo videoclipe com mulheres de biquini dançando, aos olhos dos cabeças de queijo. E para os curiosos que tentam traduzir a letra, surge a pergunta: por que os “duitsers” invadiram o Brasil?
Como se não bastasse de “parapapas”, o cantor Dennis Bax associou a melodia e o refrão de som de tiros com uma letra em holandês em que fala sobre sair beijando garotas. Mas se é para falar de cópias, podemos começar com o Latino e a “Festa no apê”, pois originalmente a melodia é da banda O-Zone, da Moldávia. O cantor brasileiro não foi o único a fazer sucesso plagiando “Dragostea Din Tei”, há versões da mesma música em mais de 15 diferentes idiomas.
Mas afinal que poder a globalização tem para tirar uma música do seu contexto cultural e usa-lá como produto descartável em outro canto do mundo? Como pode um rap que representa a violência do Rio de Janeiro, e foi censurado nas rádios do Brasil, virar dinheiro na Europa? Será que os funkeiros do morro se identificam com o que os holandeses estão ouvindo? O mercado globalizado da música é violão ou herói nesse contexto?
Não tenho como definir as respostas necessárias, mas faz toda a diferença questionar. Pois o parapapa aqui não passa de barulho, mas para quem é do morro e conhece o peso da palavra violência, esse refrão é a identidade social e a cultura de todo um povo.