PODE VIR, 2008!
Ieda de Paula
Eu farei a minha parte nesse Ano Novo. Vou plantar duas árvores para melhorar o clima do meu país; adotar uma organização filantrópica que ajude quem tem o futuro ameaçado; pensar cem vezes antes de dar meu voto para qualquer político; boicotar quem envenena o leite das criancinhas, usa transgênico para lucro rápido e mascara pesos, preços e medidas.
Nos primeiros dias do Ano Novo, farei uma grande faxina interna e externa. Vou eliminar qualquer tipo de medo antigo, ansiedade atual e preocupação futura, já que a existência humana é sempre resultado das minhas atitudes de agora. Limparei armários e gavetas, passando para frente o que não usei nos últimos dois anos, pois definitivamente não me fará falta e ajudará quem tem menos.
Serei menos exigente com os que estão ao meu lado. Ouvirei até a última palavra do outro; tentarei entender o que se passa na mente e no coração das pessoas; evitarei qualquer julgamento que possa ferir um familiar, amigo, colega ou alguém que, por motivos desconhecidos, cruzará o meu caminho, seja no trabalho, na rua, ou na condução que me levará para algum aprendizado necessário.
Quero exercitar diariamente os músculos da alma, que são feitos de reflexão, paciência, humildade, tolerância e compreensão, sem os quais emoção e razão se enfraquecem e geram no corpo um clima de desarmonia, de onde a maioria das dores procedem, fazendo estragos que vão do silêncio azedo ao soluço amargo, sem falar na perda de sono e nas dores fantasmas.
Eu terei doze meses para me perdoar, lhe entender e nos completar, eliminando os vestígios da iritação que afasta, da intransigência que magoa, da intolerância que emudece, porque num canto qualquer do meu coração, lá está o desejo mais antigo, importante e verdadeiro - ser feliz – condição primeira e última da nossa existência aqui na Terra, dotados que somos para esse fim.
Sendo assim, pode vir, 2008! Seja bem-vindo, com ou sem efeito estufa, porque a espécie humana é o resultado de um projeto divino, e dará conta desse recado ancestral de evolução, tendo o amor e a dor como as duas ferramentas mais precisas para esculpir essa pedra bruta que é o homem, diamante lapidado no cair da tarde ou no nascer do sol...
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