O mundo que merecemos
Ieda de Paula
O mundo que merecemos está mais perto de nós do que imaginamos. Basta acreditar no nosso poder de mudança, do pensamento à atitude, para descobrir que a paz coletiva depende da quietude individual; a verdadeira felicidade se esconde nas pequenas coisas, e a magia do relacionamento humano está na beleza das diferenças.
É necessário refletir sobre a primeira necessidade social a que temos direito, e talvez a mais urgente em função da abrangência , a paz!. Ao contrário do que se pensa, precisamos abrir mão das notícias sangrentas que minam dos meios de comunicação, poluindo e danificando a esfera mental de cada um de nós .
Evitar imagens e reportagens colhidas estrategicamente para causar impacto nos ouvintes, cujo objetivo primeiro é engordar os cofres milionários dos que vivem dos meios de comunicação, divulgando a violência numa escala planetária, expondo à população indefesa as chagas e feridas abertas num volume quase que insuportável para a mente humana .
Lembrando o pensamento e as palavras de Daniel Goleman, autor de “Inteligência Emocional”, a última década tem presenciado um constante bombardeamento de notícias violentas que retratam o aumento da inépcia emocional, desespero e inquietação na família, nas comunidades e em nossas vidas em coletividade. Hoje , mais do que nunca, entendemos como os centros nervosos nos lançam à raiva ou às lágrimas e, como partes mais primitivas do cérebro que nos incitam a fazer a guerra e o amor, são canalizadas para o melhor ou pior .
A noção mais banal de higiene não permite que um indivíduo recolha todo tipo de lixo encontrado na rua e traga para dentro de sua casa, já que isso provocaria contaminação além da evidente perda de sanidade. Contudo, não evitamos em trazer para dentro de nossas casas e mentes todo tipo de "lixo" capaz de contaminar a nossa alma, deixando-nos amedrontados, empobrecidos e desencantados enquanto espécie humana .
As seqüelas geradas por esse bombardeamento diuturno de imagens dolorosas e muitas vezes grotescas, com espaço quase exclusivo para o que a sociedade tem de mais doentio, provoca em muitos o entorpecimento da sensibilidade, o predomínio do medo, enfim, as fobias modernas, a banalização da vida, deixando no ar um rastro de ansiedade e insegurança, irritação e distanciamento entre as pessoas, na rua, no lar, no trabalho, na mente e no coração .
Para nos “limpar" internamente dessa contaminação toda, precisamos de mecanismos de ajuda interna e externa, e o custo pode ser alto dependendo do nível afetado. Então, o mais inteligente é usar de critério seletivo, na base do popular - “tem violência, tô fora!”, para resgatar a chance de respirar numa atmosfera menos densa, acreditando e lutando pela paz que começa em nós!
Quando o assunto é “informação atual”, o caminho para a paz, individual ou coletiva, transita no irônico caminho do "receber" menos para "respirar" mais. O acúmulo de informação precisa ser questionado, tanto na forma quanto na essência. "De pouca coisa necessitamos, e seríamos mais felizes se reconhecêssemos que até desse pouco quase não temos necessidade", disse Goethe, e isso vale para as notícias nossas de cada dia .
(Ieda de Paula – autora de “Do Chão de Fábrica à Presidência”– Viagem na Palha de Arroz, Uma História de Amor Diferente, Ômega)
Comente
aqui: