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Jota Alves fundou o jornal The Brasilians, o Centro de Promoções Brasileiras e criou o Dia do Brasil em Nova York: o maior festival brasileiro no mundo. Formou-se em Moscou. Foi Secretário de Governo em Mato Grosso.

 

Cartas do Brasil
De Jota Alves, Rio de Janeiro.

A oitava maravilha do mundo

 

Foi Benito Romero quem, em New York, promoveu o carnaval brasileiro (mais precisamente o do Rio de Janeiro) como a oitava maravilha do mundo*.
Ele vendia passagens aéreas para o Brasil e organizava eventos carnavalescos como A Night in Rio e o Carnival on the boat.

The eighth wonder of the world em sua versão exportação brilhou durante quinze anos consecutivos no famoso Waldorf Astoria hotel de New York e em muitas outras cidades norte-americanas. O estrangeiro que ia a um baile de carnaval acabava indo ao Rio.

Ficamos contentes com a inclusão da estátua do Cristo Redentor entre as novas 7 Maravilhas do mundo: as muralhas da China, as ruínas de Petra (Turquia), Machu Picchu (Peru), Chichén Itzá (México), Coliseu (Roma) e o Taj Mahal (Índia). A torre Eiffel e a Estátua da Liberdade ficaram de fora.

O Rio de Janeiro fica, então, com duas maravilhas do marketing. A sétima estática, simbólica, religiosa, de cimento e ferro. A oitava, de sons, cores, fantasias, beleza, de corpo e alma.

Há muito o marketing institucional carioca deixou de dinamizar e investir na divulgação e promoção do seu carnaval no exterior.

Pessoas como Nair Mesquita, funcionária emérita do consulado de New York, Benito Romero, Janete Bezerra, Arlete Krambeck, Mário Magalhães, entre tantos nos Estados Unidos, e muitos outros pela Europa, Japão, América do Sul e Central com suas promoções carnavalescas, fizeram mais pela divulgação, imagem e “venda” do carnaval do que todos os escritórios da Riotur, da Embratur e do Itamaraty, juntos.

O Rio de Janeiro tem várias maravilhas: Copacabana, a princesinha do mar; The Girl from Ipanema; o Maracanã; o Jardim Botânico, o Aterro do Flamengo; o Teatro Municipal; a celebração do Ano Novo; o Pão-de-Açúcar; a Lagoa Rodrigo de Freitas; o Samba e suas maravilhas bronzeadas, charmosas e malemolentes que desfilam, naturalmente, pelas muitas praias da Cidade Maravilhosa.

O Rio de Janeiro continua lindo por fora, mas sujo por dentro. Entre suas tantas maravilhas, muitas porcarias. Corrupção endêmica em todos os poderes. Afrouxamento ético generalizado. Sem retentores sociais, sem parâmetros, a cidade está sendo desfigurada de suas belezas naturais e humanas.

Veredas, encostas, morros, subidas e descidas, caminhos de águas, nascentes, cachoeiras, florestas, matas ciliares, foram ocupadas por favelas e por aglomerados da ganância e selvageria imobiliária com aval de carreiristas e oportunistas políticos, com a falta de visão e a irresponsabilidade cívica de prefeitos e governadores, com liminares da plus valia da Justiça.

O Rio é lindo, mas é caro. E aí se faz de tudo para morar bem na “praia”, com todas as suas delícias. A praia para o carioca não é apenas chão de areia, mar e sol. È modo de vida. È comportamento social. È estilo. È status. O carioca que nasceu e se criou na “praia” tem cultura e códigos de convivência, próprios.

E haja dinheiro e jeitinho e jogo-de-cintura e bom papo e esquema e armação e conexão a todos os níveis para se manter o status.

Se, oferecerem aos “favelados” dos morros de Copacabana morar sem subir e descer ladeiras, segurança e todos os serviços urbanos em casa e à porta, a cultura da “praia” não os deixará sair de onde estão. Não é por acaso que o carioca, dentre os brasileiros, é o que menos emigra.

Com todas as maravilhas que tem, bonito por natureza e mais um Cristo de braços abertos, abençoando a tudo e a todos, muitos devem se sentir perdoados de seus pecados e toma corrupção, e toma narcotráfico, e toma bala perdida, e toma covardia e promiscuidade comunitária e toma novela e baboseiras nos provedores e blogs da Internet e todo tipo de violência e crueldade urbana.

Que essa ressurreição do Cristo Redentor elevado à categoria de 7 Maravilha do mundo possa ajudar o Rio e seu povo hospitaleiro, alegre e camarada, a saírem do caos urbano, da armadilha social e do cerco moral que magistrados, executivos e parlamentares lhe infligem ao longo dos anos.

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*As sete maravilhas do mundo antigo: o colosso de Rodes, as pirâmides de Gisé, a estátua de Zeus, o templo de Ártemis, os jardins suspensos da Babilônia, o mausoléu de Halicarnasso e o farol de Alexandria.

09/07/2007

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