Cartas do Brasil
De Jota Alves
O melhor presente de Lula para o Brasil
Em certos agrupamentos humanos o aniversariante é quem dá presentes. O presidente Luís Inácio Lula da Silva completou 62 anos. Recebeu presentes, entre os quais, um muito especial: a Copa do Mundo no Brasil.
Ele festejará a bem possível vitória da nossa seleção em 2014, antes, durante e depois da campanha eleitoral que poderá levá-lo de volta à presidência. Neste final do primeiro ano de seu segundo mandato está na hora de Lula dar um bom e necessário presente de Natal a seu povo, à nação, ao país:
Parar com essas viagens transcontinentais (Escandinávia, África, Indonésia...) e só sair de Brasília, para o exterior, em situações de extrema necessidade. O Brasil precisa e sente falta de um Gerente, um Administrador, um Comandante. Estamos empanzinados e intoxicados de ideólogos, articulistas, engenheiros políticos, senadores do mal e de deputados sanguessugas.
Ministro no Brasil não suja as mãos, não arregaça as mangas. Em primeiro lugar, seus interesses pessoais e eleitorais. Ele está ministro por pertencer a um partido político ou a um determinado grupo de pressão, aos quais deve prestar conta. Não sabe ou não quer, para não se queimar, desatar os nós cegos e acabar com as “gangues” de seu ministério. Ministérios no Brasil são mistérios, invioláveis, indecifráveis.
Antes de ir para o hospital, Dilma Roussef, a nossa dama de ferro, fazia-se um comandante de saias, uma guerrilheira contra a burocracia e os de passos de tartaruga do serviço público. Ela estava tocando o PAC e carregando o pesado mastodonte da administração central. Brasília é dose pra elefante. Mais que o clima seco a temperatura política debilita as pessoas de bem. Dilma deveria, mas, não foi poupada, preservada.
O vice-presidente do país está impossibilitado, lutando contra o câncer. Os companheiros e paparicadores de Lula sempre foram mais teóricos que práticos. Mais contestadores que empreendedores. Com aquele poço artesiano de água insalubre que chamamos de congresso nacional não é bom para o país que a presidência do Brasil fique, constantemente, nas mãos e na caneta do presidente da Câmara Federal, do PT ou não.
O gerenciamento do país está fragmentado. São muitas as instâncias de poder. As decisões demoram a ser entendidas e executadas. A porca torce o rabo é do segundo escalão da gigantesca máquina, pra baixo. O terceiro escalão, aquele que vai a campo, está desmotivado e mal pago. Estados e municípios nas mãos de interesses pessoais. Todos se preparando para as eleições municipais de 2008, fundamentais para as de 2010 e de 20014.
Mas, o presidente Lula tem um às, um grande instrumento, uma arma poderosa para destravar o governo, fazê-lo andar, e atacar e resolver muitos dos pequeno-grandes problemas que esquizofrenizam o povo: as MPs. As Medidas Provisórias. Criticadas, mas necessárias.
O presidente tem que criar um gabinete de SAR-Soluções Administrativas Rápidas-e formá-lo com fazedores, empreendedores, realizadores. Homens que captam o teórico e vão para o prático com muita velocidade. O país continua capengando e sofrendo e se auto-destruindo não por falta de recursos materiais e financeiros. No primeiro mandato Lula foi o presidente dos sonhos. Neste segundo, tem que ser o presidente das realidades.
Um governo que se compromete a fazer o possível e o impossível, investir bilhões e bilhões para sediar a Copa do Mundo, não pode continuar a ser complacente com “empresário” que vende leite com soda cáustica; com falsificadores de remédio; com essas abusivas tarifas telefônicas; com as altas contas de energia elétrica; com o monopólio e os abusos na aviação comercial; com as tarifas e as malandragens do sistema bancário...
O SAR sob o comando direto do presidente tem que listar dez dos muitos problemas que estrangulam os ministérios e aqueles que desgraçam o dia-a-dia dos brasileiros e resolve-los, na lei ou na marra. Bandido é bandido, com ou sem colarinho branco. Sem instituições consolidadas e sem tradição administrativa centenária, sólida, a nação tropeça em si mesma.
Passar um pente fino em TODAS as agências reguladoras. Elas são foco de descontentamento, raiva, estresse e de exploração. Não regulam, desregulam, sempre a favor do mais forte, do poderoso, do “patrão”. Elas não podem continuar a servir a Deus e ao Diabo. As multinacionais não podem reclamar. Seus investimentos no Brasil estão garantidos. Um maná.
Nunca se mandou tanto dinheiro, tanto dólar, para as matrizes como neste governo. As telecomunicações, por exemplo, estão deitando e rolando. Viciaram o brasileiro com celulares e outras bugigangas, uma após outra, e raspam a economia popular, com seus pulsos e impulsos e tarifas sobrepostas e cartões telefônicos, caríssimos para a grande maioria do nosso povo.
Lula precisa ficar mais no Brasil, comandar a desburocratização de sua máquina administrativa, fazer seus ministros sujarem os sapatos e as mãos, e ir resolvendo os pequeno-grandes problemas que mais infernizam o cotidiano de seu povo. Em um ano ele terá uma nação menos estressada, mais alegre, mais saudável e mais solidária.
01/11//2007
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