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Jota Alves fundou o jornal The Brasilians, o Centro de Promoções Brasileiras e criou o Dia do Brasil em Nova York: o maior festival brasileiro no mundo. Formou-se em Moscou. Foi Secretário de Governo em Mato Grosso.

 

O Repórter na História
de Jota Alves

Macumba do Rio de Janeiro

 

No Brasil, há macumba por toda parte. Da boa, umbanda. Da ruim, quimbanda. Há crenças populares como a de jogar flores e tributos à Iemanjá na passagem do ano. Também fiz a minha fé com lírios brancos e champagne jogados ao mar da praia da Macumba, no Recreio, final da Barra, de onde vi o nascer de 2008.

O Rio tem maravilhas naturais ainda desconhecidas. No imaginário popular internacional Copacabana e Ipanema são os tops. Mas, aos brasileiros, entre os quais muitos cariocas, e aos turistas estrangeiros, sugiro conhecer a Macumba, a Macumbinha e a Praiinha, no final do Recreio dos Bandeirantes. È só seguir o sol: aeroporto Santos Dumont, Flamengo, Botafogo, Copacabana, Ipanema, Leblon, São Conrado, Barra, Recreio dos Bandeirantes e Pontal onde começa a praia da Macumba.

A Praça do Pontal é hoje praça Tim Maia. Ele, enamorado pela chacrete Marlene Morbeck, a quem Chacrinha chamava de a loira sinistra, foi morar na região para ficar perto de sua musa. Lá, o cantor-compositor criou vários sucessos, entre os quais, o swing que canta o pontal, um pedaço de terra penetrando nas águas do marzão aberto, sala de aula de surfistas e paraíso para o pessoal da zona norte e dos morros da zona sul.

A Praiinha é uma curva de areia branca entre o mar de ondas constante-ideal para o surfe-e a mata Atlântica, morro acima. Sábado, domingo e feriado, a estradinha fica cheia de carros, motos, bicicletas carregando pranchas. De segunda a sexta é tranqüilo. Vale o passeio. Seguindo a Praiinha há exuberantes belezas naturais até São Paulo. A Rio-Santos é uma das estradas mais ecologicamente bonitas do planeta.

Revi Pedra de Guaratiba e devorei um bacalhau dos “deuses” no varandão da mansão (14 quartos) do saudoso Carlos Imperial, diretor e produtor de cinema, da jovem e de tantas guardas. Sou do tempo das lebres do Imperial e das certinhas do Lalau. Centuries ago. O filho Marco Antonio Imperial é Padrinho da igreja Salve a Rainha do Mar. Viveu/vive experiências com o Santo Daime (chá de um cipó amazônico) que ficou nacionalmente comentado por ter sido ingerido por artistas e jornalistas. Em recente viagem à Alemanha Marco Antonio abriu mercado para frutas silvestres. Com sua Gisele, conseguiram secar caqui com um sabor muito especial. A quatro mãos, da cozinha da mansão à beira mar, saem iguarias de sabores e cores cósmicas devoradas com apetite, mãos e bocas terrestres.

Nunca fui chegado ao mar. Trauma de um afogamento aos sete anos de idade no rio Cuiabá. Até hoje não sei nadar direito. Tive várias oportunidades de viver junto ao mar, mas sou mesmo um mestiço do interior de córregos e rios pequenos. Em Angra dos Reis, sempre que me convidavam para um passeio de lancha, iate, barco, eu dava uma desculpa e ficava saboreando pessoas e bons whiskies, em terra. Aventurei umas aulas de surfe. Anos atrás, no Arpoador, e agora na Praiinha. Não dá mais pra mim.

Fiquei encantado com o bronzeado das pessoas, a tranqüilidade e o alto astral da praia da Macumba aonde voltarei a jogar meus búzios e acender velas. Lugar tão carioca. Tão bonito por natureza. Tão relax.

Mas, não existe paraíso sem inferno. O Rio é lindo por fora e feio por dentro. Fora, a obra de Deus. Dentro, a obra do homem, o carioca. Vendo, sentindo e sofrendo com o abismal contraste entre o que a natureza nos dá e o que nós tomamos dela chego a acreditar na piada:- depois que Deus criou a terra e separou os continentes começou a reclamação. Mas Senhor por que o Brasil ficou desse tamanho, com tanta água, tanta mata, tantos pássaros, essa quantidade enorme de frutas, peixes, animais, flores..e nós aqui deste tamanho, pequenos?!! Deus responde:" em compensação, vejam o povo que criei para o Brasil”.

Avareza, egoísmo, estupidez, sonegação, corrupção, destruição, loucura e delírio, por toda parte. Fui ver e cheirar uma lagoa, a reserva ecológica Chico Mendes. Jacarés doidos, latas de cerveja, lixo, uma podridão. O carioca do Recreio vive sem esgotamento sanitário. Um mau cheiro horrível e permanente. Quando o vento da tarde sopra, o fedor do valão atinge léguas. Tem-se a sensação de que acostumadas, as pessoas estão “ligadas”, dependentes e sonâmbulas pelo embalo “cheiroso”. Mosquitos, pernilongos, moscas e seus parentes, fazem o carnaval.

No verão e nos feriados um caminhão-pipa com 10 mil litros de água pode custar até 400 reais. O IPTU e as taxas condominiais, altíssimas. Há dezenas de placas de Vende, Aluga e Troca. É o feitiço do mar. Endividados, mas na praia.

Mesmo assim constroem dentro do que resta da exuberante mata e nos alagados naturais entre a montanha e o mar soterrados pela corrida imobiliária. Desrespeito às muitas leis de proteção ambiental e de postura predial e urbana. E no dia a dia, a desordem e a sujeira. Não há sanitários. Milhares de crianças e de adultos disputam restingas, escurinhos, cantinhos e brechinhas para as suas necessidades. À noite fazem na praia.

O carioca do Leblon-o metro quadrado mais caro da América Latina-está nadando em merda. Um conjunto de doze ilhas que formam a Ilha do Governador não recomendadas para banho e assim Ramos, Flamengo, Botafogo, Urca. A maioria das praias com restrições: Leme, Copacabana, Ipanema, São Conrado e Barra. O trecho entre Quebra-Mar e Pepê nem pensar. Praias de Niterói, idem.

A Baía de Sepetiba poluída. Estão avançando em Angra dos Reis, porção da qual já devastada. Maior a riqueza maior a destruição. Maior a fartura, maior a loucura.

Não foram e não são os holandeses, os franceses, os espanhóis, os alemães, os norte-americanos, que destruíram/destroem as belezas cariocas e as amazônicas. Se, todo boato e piada têm um fundo de verdade, a da compensação de Deus, é verdadeira?

Ainda bem que no Recreio não há bala perdida. Disseram-me que milícias mantêm a área limpa de bandidos. Mas, até quando? Ainda se pode caminhar e tomar água de coco, tranquilamente, pela praia da Macumba. Mas, até quando? Vou voltar!

16/01//2008

 

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