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Raphael Curvo
Advogado pela PUC-RJ e pós-graduado pela Cândido Mendes-RJ

 

Desconstrução de sonhos

Raphael Curvo

 

Arnaldo Jabor, em um dos seus excelentes artigos disse, de forma crítica, que “a felicidade é entrar num circuito comercial de sorrisos e festas e virar alguém a ser consumido”. Assim considera os valores sociais de hoje. É nesta toada que a maioria dos jovens brasileiros vai consumindo a vida e deixando-se consumir. Os valores são confusos e frágeis para dar padrão ao sistema de vida. Querem ter um, mas não encontram os rumos a serem seguidos. Ficam dispersos e desmotivados porque não encontram metas e objetivos a alcançar na construção de suas vidas. Isto traz uma carga enorme no sentido do viver porque o futuro deixa de ser esperança e o elixir que lubrifica e dá movimento ao corpo e a mente na busca de melhores dias.

É a escola o elo motivador fundamental na prospecção da vida, constituída no saber, de grande massa da nossa juventude. Sem ela tudo se torna mais insalubre na forma de viver. Não podemos jogar no saco da economia do salário mínimo e de programas sociais, tipo bolsa família, as esperanças de gigantesca massa de jovens que, culturalmente, vagueiam por este Brasil a fora. Há muito este País impulsiona a nossa juventude para o marasmo cultural e para a vida alternativa das drogas. Os momentos delirantes trazem uma sensação de que existe uma razão de viver. Os exemplos de nossos dirigentes, principalmente em relação ao ensino, assolam qualquer esperança de construir seus objetivos dentro de um campo competitivo de acordo com as regras socialmente constituídas. A razão de viver desses jovens tem que elaborada dentro das salas de aula.

Sempre, em meus artigos, procuro assinalar que a educação não está somente na parte física da escola. A escola é um centro do saber e irradiador de comportamentos que formam a principal base da sociedade. Não há arcabouço social que resista ou que determine comportamentos organizacionais de uma Nação sem essa base educacional. Como mais de 80% de nossos jovens vem de grupamentos sociais de baixa remuneração, ele não encontra motivos que justifiquem a sua permanência e continuidade nos seus estudos ante a escola que lhe é oferecida. A educação pública está muito longe, nos dias atuais, de oferecer motivação e a esperança de que sua persistência em estudar pode lhe criar melhores razões de vida. Além do que, ante a evolução mental dos jovens de hoje e sua compreensão de vida precocemente, ante a evolução dos meios de comunicação e de alcance a todos, percebe que há uma falta de sintonia entre o seu modo de viver e a realidade do dia-a-dia. Isto é fator de intensa desmotivação. Afinal, o que vai lhe acrescentar o banco de escola? Para maioria dos jovens de milhares de municípios existentes por esse interior brasileiro pouco desenvolvido, estudando ou não, o cabo da enxada não vai lhe sair das mãos. São raros os que podem viajar e buscar por um centro de ensino superior. É de se perguntar, por que não ministrar ensino com base em técnicas, agrícolas e outras, que atendam as expectativas dos municípios com essas características? Não seria melhor atender as necessidades deles e criar com isso um vínculo estreito entre a educação e os jovens desses municípios? Não seria melhor caminho para evitar evasão desses jovens da escola? Por que não criar currículos alternativos ao ensino médio àqueles que não pensam em profissões ligadas as ciências exatas encontrando com isso maior afinidade e estímulo para prosseguirem estudando? 

Uma verdade é inconteste. O Brasil precisa de mais investimento na educação. A Educação não pode ser construída com bases em números, em índices, mas em sólidos e perduráveis conhecimentos. O que tem sido feito é muito pouco. Falta de dinheiro não é. Caracteriza-se como falta de competência e de coragem para mudar o que há muito tempo não dá certo. O modelo educacional brasileiro está falido. Há enorme carência de inteligências no seu corpo. É esta razão que leva o jovem ao pensamento “jaboriano” de que a felicidade é virar alguém a ser consumido. É ou não é uma desconstrução de sonhos?

 

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