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Entrevista
Rodolfo Torres - Graduado em comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é jornalista e redator.  Mora em Brasília desde 2005 e trabalha cobrindo política nacional.
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Estudar na Holanda: um sonho possível

 

Interessado (a) em estudar na Holanda? Procure o Nuffic-Neso Brazil, o escritório de representação da Nuffic financiado pelo governo holandês que tem por objetivo informar sobre as possibilidades de estudo naquele país.

O caminho entre o ensino superior na Holanda, um dos países mais desenvolvidos do mundo, e os estudantes brasileiros está muito mais curto desde dezembro de 2008. Chegou ao Brasil o Nuffic-Neso (Nuffic Netherlands Education Support Office, ou Escritório de Apoio à Educação Holandesa), uma rede ligada ao governo holandês que foi criada para divulgar a educação superior na Holanda.

“O objetivo do Nuffic-Neso não é buscar, recrutar estudantes brasileiros. É informar sobre as possibilidades de estudar na Holanda, mesmo com o financiamento do governo holandês. Mas também informar holandeses sobre as possibilidades aqui no Brasil”, explica Remon Daniel Boef, diretor do Nuffic-Neso Brasil.

Em português fluente, esse holandês que conhece bem o nosso país recebeu o Brasileiros na Holanda no escritório do órgão em Brasília.

“A Holanda está procurando parceiros em educação superior para obter informação que na Holanda não tem. Aqui tem muita pesquisa avançada na área de biocombustíveis, agricultura, biomedicina... Então, são áreas que a Holanda não tem conhecimento e está buscando. O governo brasileiro também está buscando informação para desenvolver o país”, complementa.

Conforme destaca, um dos maiores atrativos no ensino superior na Holanda é que lá o aluno não precisa aprender o holandês para estudar e se comunicar com as pessoas. “Temos mais de 1.400 programas dados inteiramente em inglês”, explica Boef, ressaltando que os preços na Holanda costumam ser menores do que os cobrados em outros destinos tradicionais de ensino superior.

Confira a entrevista, que está dividida em tópicos

O que fazer para estudar na Holanda

Remon Daniel Boef  - Em primeiro lugar, o estudante deve procurar muito bem o curso que ele quer seguir. A primeira escolha é o curso, depois a universidade. Tem vários cursos do mesmo nível, do mesmo conteúdo, mas com pouca diferença de preço ou de condições oferecidos por várias universidades. Nós podemos dar apoio para ajudar a achar o curso apropriado. Seja bacharelado, mestrado ou Ph.D.

O sistema do Ph.D é bem diferente na Holanda.  Bacharelado e mestrado é parecido, mas muitos cursos aqui no Brasil, feitos em nível de faculdade, não são feitos na Holanda no nível de Bacharelado.Tem umas diferenças de nível e é interessante que o estudante brasileiro entre em contato com o Nuffic-Neso para ajudar a tirar essa dúvida. Ele pode, obviamente, também entrar em contato com a universidade. Mas a universidade nem sempre tem informação sobre o Brasil, ou não fala português.

Em geral, o estudante internacional vai chegar somente aos programas dados em inglês. Além disso, é importante saber em que data tem que entregar os documentos para ter certeza da entrada. O Nuffic-Neso sempre avisa ao estudante, ao mesmo tempo em que vai se perguntar “como aplicar”, perguntar também as possibilidades de financiamento.

Muitas vezes, além das bolsas do governo holandês, ou das bolsas aqui no Brasil para os que vão estudar fora, a própria universidade tem financiamento para dar para estudantes estrangeiros. É sempre bom se informar quais são as possibilidades.

Brasileiros na Holanda – Tem bolsa para bacharelado também?

Remon Daniel Boef  - Sim. Não tem muito, mas tem.

Brasileiros na Holanda – A duração do mestrado na Holanda é a mesma duração de um mestrado aqui?

Remon Daniel Boef  - Não, é diferente. Tem uns cursos de mestrados de um ano, e tem uns de dois anos. Aqui, geralmente é mais.

Brasileiros na Holanda – Vocês dão bolsas de estudo?


Remon Daniel Boef  - A Nuffic [Netherlands Organisation for International Cooperation in Higher Education] não tem a possibilidade de dizer: “Ah, eu vou dar para aquela pessoa”. Mas, como a Nuffic administra os grandes programas de bolsa do governo holandês, a Nuffic sabe exatamente como funciona. E nós, como somos o escritório de representação da Nuffic, podemos ajudar, guiar o estudante a conseguir uma bolsa. Então, o primeiro objetivo do Nuffic-Neso é fornecer informação ao estudante. Então, o primeiro passo seria entrar em contato com o Nuffic-Neso para buscar um curso. Porque aqui temos informação sobre todos os cursos na Holanda oferecidos especialmente para estudantes estrangeiros.

Brasileiros na Holanda – É bom destacar que a maioria dos cursos de doutorado na Holanda são empregos. Todos os que eu conheço e que estão fazendo doutorado têm visto de trabalhador altamente qualificado. Eles vão fazer pesquisa, é um pesquisador. Ele é um contratado da universidade...

Remon Daniel Boef  - Tem várias opções de estudar doutorado Ph.D. na Holanda.  É emprego mesmo, tem contrato e vai pesquisar na área determinada pela universidade. Vai ter um salário. Mas ao mesmo tempo existe essa forma de estudar doutorado na Holanda como estudante mesmo.   

Bolsa de estudos para estudantes com boas notas

Remon Daniel Boef  - Temos vários programas de bolsa agora. Um dos programas que eu gostaria de divulgar é o HSP(Huygens Scholarship Programme), que é para os estudantes de excelência. Aqueles que tiram notas boas, acima de 8. O governo holandês quer estimular estudantes com notas boas irem para a Holanda estudar lá. O governo holandês paga uma mensalidade muito boa, paga um ticket e paga a anuidade. É uma bolsa muito boa mesmo.

Esse programa de bolsas não tem limites. Um valor X está disponível para o mundo inteiro e qualquer estudante do mundo pode aplicar. Infelizmente, aqui no Brasil o programa não é muito conhecido ainda. Então, é uma condição essa excelência. Se ele consegue provar que é um estudante de excelência, ele vai conseguir também.

Obviamente, é para enriquecer o sistema educacional holandês. A idéia é atrair por meio de financiamentos. Uma pessoa que pode comprovar que é um estudante bom, ele vai conseguir financiamento do governo holandês.

Brasileiros na Holanda – Antes, o estudo universitário era todo subsidiado pelo governo. Mesmo para os estudantes de fora. Só que os estudantes estrangeiros chegavam lá, estudavam e depois iam embora, o governo holandês parou de subsidiar o estudo para os estudantes estrangeiros. O estudante estrangeiro paga mais justamente por causa disso. E nesse caso do HSP, o estudante estrangeiro vai para lá e é subsidiado pelo governo holandês. Depois de terminado o curso, ele tem alguma obrigação com o governo holandês? Ou ele pode falar tchau e voltar para seu país?  

Remon Daniel Boef  - Pode voltar. Nesse programa do governo holandês, a escolha é do estudante. Ele pode estudar a última fase do bacharelado ou um curso de mestrado. Esses dois níveis estão disponíveis para receber financiamento do governo holandês. Se terminar o estudo, ele pode ir embora e voltar para o país. Sem nenhuma obrigação. Se ele quiser ficar, ele tem que achar um emprego de “knowledge worker”, que é o de trabalhador altamente qualificado, para dar uma força extra à economia holandesa.

O programa NFP [Netherlands Fellowships Programme] é um financiamento do governo holandês também para estudante brasileiro que não tem condições financeiras próprias para estudar na Holanda, obter conhecimento, e voltar para o país. Esse é o objetivo do NFP. Como o Brasil é um país avançado em um lado, e nem tanto em outro, a Holanda faz os dois lados.

Brasileiros na Holanda – O que a Holanda ganha com isso? Ganha o estudante internacional lá?

Remon Daniel Boef  - NFP é ideológica, de desenvolver, de ajudar com os nossos próprios recursos. Porque a Holanda é um país que tem esses recursos. Para dar ao estudante brasileiro essa oportunidade para que ele volte com outros conhecimentos. NFP não precisa ser um estudante de excelência. O Nuffic-Neso divulga a informação sobre esse programa, mas a parte administrativa fica na embaixada.

E estamos aqui para informar o estudante brasileiro, para informar o governo brasileiro, para informar as universidades brasileiras sobre as possibilidades de cooperar com a Holanda, possibilidades de estudar na Holanda. E divulgar os financiamentos do governo holandês. Mas nós não temos o papel de recrutar. Não temos porque nós aqui representamos o ensino superior inteiro na Holanda, de um modo geral.

Estamos aqui para facilitar. Não temos objetivos comerciais.

Cursos em inglês na Holanda


Remon Daniel Boef  - Um dos objetivos do ensino superior próprio da Holanda é atrair estudantes de fora. Mas não é com objetivo comercial, como que tem na Inglaterra ou na Austrália. O objetivo do ensino superior holandês é criar uma classe internacional para que opiniões do mundo inteiro possam enriquecer as aulas, que também servirá para o estudante holandês. Por isso que na Holanda temos mais de 1.400 programas dados inteiramente em inglês.

Até o estudante holandês estuda em cursos em inglês para ficar em contato. Às vezes, o estudante holandês não tem condições financeiras ou não tem como estudar fora, como obter essa experiência. Se ele ficar em uma classe internacional, ele vai ficar em contato com chineses, indonésios, brasileiros, etc. Ele vai ter várias visões. Esse que é o objetivo do ensino superior holandês. Porque o ensino superior holandês não é privado. Aliás, não é privado nem público. Todas as universidades são financiadas pelo governo holandês, mas ao mesmo tempo podem pedir anuidade. Mas a um nível razoável. Em comparação com os grandes destinos de estudo no mundo, os preços são bem baixos. 

Brasileiros na Holanda – Há uma diferença de valores para o estudante holandês e o estudante internacional?

Remon Daniel Boef  - Tem uma diferença. Não tinha porque o subsídio do governo holandês parou. Agora, a instituição de ensino superior holandesa tem de pedir uma anuidade maior para um estudante estrangeiro. Às vezes tem uma diferença muito grande. Depende da universidade. Eles podem definir... E às vezes tem pouca diferença. O preço para o estudante holandês é igual para o estudante da União Européia, que é uma lei da União Européia que diz que a anuidade tem de ser igual. Aqui no Brasil é muito interessante porque há muitas pessoas com dupla nacionalidade [a brasileira e uma européia]. Então eles podem estudar na Holanda pelo preço do holandês. É uma oportunidade. Você não precisa de visto, você pode trabalhar à vontade...

Brasileiros na HolandaQuais são as áreas de estudo que mais tem despertado interesse dos estudantes brasileiros na Holanda e dos estudantes holandeses no Brasil?

Remon Daniel Boef  - A Holanda não é conhecida como um destino de estudo. Infelizmente ainda não é...

Brasileiros na Holanda - Por causa do idioma. As pessoas não imaginam que na Holanda há cursos em inglês. Quando o brasileiro imagina estudar no exterior, ele pensa na França, Estados Unidos, Inglaterra, ou países de língua espanhola...  

Remon Daniel Boef  - Tem uma diferença muito grande entre Holanda e França. Na França tem de aprender primeiro francês para poder estudar. Na Holanda não tem essa dificuldade porque tem programas em inglês. Por isso estamos aqui, para divulgar, para introduzir a Holanda como destino de estudo. Até agora foram poucos os estudantes brasileiros que foram para a Holanda. Eles estudam nas áreas surpreendentemente desconhecidas, não típicas na Holanda. Por exemplo: ciências sociais. Muitos brasileiros estudam na Holanda essa área. A Holanda é muito conhecida na área de arquitetura, economia e “business administration”. Aqui no Brasil não é conhecido que a Holanda tem isso. E é isso que vamos divulgar mais.

E os estudantes holandeses que estudam no Brasil são muito poucos porque a estrutura brasileira de ensino superior para receber estudantes de fora não é a mesma da Holanda. Uma coisa muito interessante é que a partir de 2007 foi iniciada a campanha Study in Brazil. Umas universidades brasileiras estão se juntando para criar uma rede para receber estudantes de fora. Mas, em primeiro lugar, tem de ter mais cursos em inglês para atrair esses estudantes. Porque, para um holandês estudar aqui 1 ano, tem de aprender português. Difícil...      
Visite o site Study in Brazil      

Há holandeses que estudam aqui na área de pesquisa. E na área de pesquisa você não pratica tanto o português. A terminologia é técnica, todo mundo entende, ou é em inglês. O trabalho em laboratório normalmente é em inglês. Mas seria bom se as universidades brasileiras desenvolvessem mais cursos em inglês.

Mas então, esse fluxo de brasileiros para a Holanda, tem muito potencial para crescer. Se o brasileiro souber o que tem na Holanda, tem possibilidade de crescer o fluxo para lá. Se o Brasil oferecer mais cursos em inglês, vai crescer com certeza o número de estudantes holandeses por aqui porque tem interesse da Holanda no Brasil. Tem uma certa amizade, uma simpatia.

2º grau no Brasil e universidade na Holanda

Brasileiros na Holanda – O diploma de 2º grau do Brasil é reconhecido na Holanda? O estudante pode entrar para fazer um bacharelado em uma universidade?

Remon Daniel Boef  - Sim. Eu não posso dizer para todas as universidades, porque as universidades próprias também podem ter uma exigência. Depende muito do curso. Se for muito específico, às vezes precisa mesmo de umas matérias dentro da escola secundária.

Brasileiros na Holanda – Brasileiros que foram à Holanda, e terminaram o 2º grau aqui,não foram aceitos pelas Universidades de Pesquisa. Essas não aceitam o aluno terminando o segundo grau no Brasil não. Tem de ter pelo menos dois anos de universidade aqui. E tem universidade que não aceita de jeito nenhum.     

Remon Daniel Boef  - Depende muito. Se um estudante brasileiro quer estudar lá, tem essa área. Tem uma diferença entre as universidades de pesquisa, que têm o foco em pesquisa e as universidades de ciências aplicadas, que têm o foco na prática. Talvez mais comparadas com faculdades aqui.

Essa parte tratava dos cursos de mestrado na Holanda, que na verdade começam com bacherelado e seguem automaticamente para mestrado. Na teoria uma pessoa com segundo grau pode entrar no mestrado, visto que os primeiros anos são comparáveis com o nível de bacherelado. So que a maioria dos cursos de mestrado é muito específica e precisa / exige um conhecimento existente da área para poder seguir o curso. Esse conhecimento é muitas vezes obtido através de um curso de bacharelado.     

Brasileiros na Holanda – Eu acho que são mais comparadas com as escolas técnicas do Brasil. Você vai mais pela prática do que pela teoria.


Remon Daniel Boef  - Mas eu acho que até a escola técnica tem mais a ver com o MBO, talvez. Bom, mas essa universidade de pesquisa é mesmo diferente porque na Holanda, como não tem como começar o bacharelado numa universidade de pesquisa, você vai seguir automaticamente para o mestrado. Não é separado como aqui no Brasil. Aqui, bacharelado é um estudo completo, inteiro. Como também é um bacharelado numa universidade de ciências aplicadas na Holanda. 

E nas universidades de ciências aplicadas o bacharelado é um estudo inteiro. Mais parecido com faculdade. Nesse sentido, o brasileiro com 2º grau normalmente pode entrar. A validação de diplomas na Holanda é centralizada. É uma organização que faz a validação desses diplomas, também os de brasileiros. Aqui é diferente. Toda universidade pode validar o diploma estrangeiro. Na Holanda é centralizado, o que facilita. Há um departamento de reconhecimento e validação de diplomas na Nuffic na Holanda. O mencionado departamento da Nuffic dá ao instituto o nível do diploma. Tem um especialista também na América Latina que trabalha para validar diplomas.

Também é interessante para o estudante brasileiro que quer estudar bacharelado na Holanda, e que vem de escola secundária, entrar em contato com a universidade própria para ver se ele consegue entrar já com o diploma secundário. Se não for o caso, ele pode validar o diploma...

Brasileiros na Holanda - Na Holanda tem vários tipos de 2º grau. Se eu faço determinado tipo de escola, eu não posso ir para a universidade. E isso é decidido quando o aluno tem 12 anos de idade. A escola decide, não é o aluno. Aqui, se eu quiser estudar medicina na USP, eu posso tentar vestibular por 10 anos. Até eu conseguir passar. Na Holanda, não. O aluno, quando está no básico, a escola vai decidir de acordo com o aproveitamento dele.  

Remon Daniel Boef  - Aqui no Brasil, às vezes uma universidade, faculdade ou centro universitário é comparável com as universidades de ciências aplicadas na Holanda. Nem sempre a universidade federal brasileira é igual a somente uma universidade de pesquisa holandesa. Também há faculdades dentro da universidade federal.

A terceira opção de uma pessoa que tem diploma secundário para entrar no bacharelado é um teste exigido pela universidade. Mas são muito poucas universidades que fazem isso. Normalmente, o nível do secundário é suficiente para o bacharelado. 

Adaptação do estudante brasileiro na Holanda

Remon Daniel Boef  - Na minha opinião, em comparação com a China e outros países asiáticos, o estudante do Brasil tem pouca dificuldade. Comparando com o estudante chinês, o brasileiro é quase um holandês. Isso porque o chinês tem tantos hábitos diferentes, tanta diferença cultural, que tem uma barreira muito grande para passar. O chinês tem mais dificuldade de se integrar. Bom, olhando só para o brasileiro na Holanda, acho que em primeiro lugar vem o tempo. Todo brasileiro reclama. E o holandês também, mas faz parte da história. Às vezes as pessoas não são preparadas para o frio.

Em relação à parte cultural, a Holanda é uma sociedade tão multicultural, tão aberta ainda...

Brasileiros na Holanda – Tolerante... 

Remon Daniel Boef  - Bom, às vezes tem uns grupos na Holanda que sofrem menos tolerância. Eu acho que não tem nenhum preconceito contra brasileiro...

Brasileiros na Holanda - Depende. Mas é lógico, o preconceito não é pelo fato de ser brasileiro. É o tipo do brasileiro. No grupo estudantil, no meio estudantil, não tem nenhum preconceito.

Remon Daniel Boef  - Não, não tem. E eu acho que também é papel nosso aumentar a informação sobre o Brasil na Holanda. É pena que o holandês sabe pouco sobre o brasileiro e o Brasil. Eu acho uma pena porque eu conheço o Brasil muito bem e eu sei o que o Brasil tem a oferecer. É um país muito desenvolvido em vários sentidos, até mais moderno do que a Holanda. Infelizmente a América Latina em geral, mas também o Brasil, não faz parte do foco na mídia. A mídia holandesa é muito focada nos Estados Unidos.

Mas em geral, a sociedade holandesa é tão aberta, tão multicultural que até tem lojas brasileiras, restaurantes brasileiros. O brasileiro não precisa sentir falta se não quiser. Mas a vida estudantil também é multicultural, diferente, agitada.

Brasileiros na Holanda – Toda cidade que tem universidade é completamente diferente da que não tem.

Remon Daniel Boef  - Então, nessa parte, eu acho que o estudante brasileiro não tem uma barreira para se sentir em casa. Claro que é um país diferente. Mas, principalmente os brasileiros do Sul, eles conhecem mais, são mais acostumados pelos pais ou avós com a cultura européia. São mais acostumados com o frio e sabem como que é a cultura norte européia, digamos. 

Brasileiros na Holanda – Na opinião do senhor, o que brasileiros e holandeses têm em comum?

 Remon Daniel Boef  - Uma coisa importante tanto para o brasileiro quanto para o holandês é o futebol. Toda a cidade para quando tem futebol. Holandês gosta muito de futebol, brasileiro também é apaixonado por futebol. Eu acho que além disso tem a maneira de viver, essa maneira de pegar o melhor da vida. Eu acho que o holandês faz. O holandês virou mais individualista do que o brasileiro. O brasileiro tem ainda a rede familiar, que eu gosto. O brasileiro é muito de mente aberta, e o holandês também.

O brasileiro é muito interessado por outra cultura. E o fato de o holandês fazer parte da História Brasileira [os holandeses dominaram o Nordeste brasileiro entre 1630 e1654], resultou em é uma coisa muito positiva. Na Holanda, muitas vezes com muita razão, os holandeses têm vergonha da história colonial. Só que aqui é diferente. Aliás, percebido diferente. Então, eu acho que tem esses interesses.

O holandês tem fama de ser tolerante, mente aberta, mas eu percebo aqui no Brasil que o brasileiro é receptivo. Essa é a palavra certa. É muito bom.

 NESO no Brasil

Remon Daniel Boef  - A idéia do programa Nuffic-Neso é estabelecer escritórios de representação em países como o Brasil, que é um país emergente, um país interessante, porque daqui a pouco vai ser um líder mundial na economia. A Nuffic tem Nesos em todos os países do chamado BRIC [sigla que representa as iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China]. Então nessa parte emergente, financeira e economicamente, é muito interessante para o Nuffic-Neso. E também porque o Brasil tem áreas de pesquisa muito avançadas. Eu fiz a pesquisa na Nuffic para argumentar a escolha do Brasil. Eu já conhecia o Brasil, eu sabia o que o Brasil oferecia, mas eu tinha de escrever as oportunidades de cooperação. E é essa a palavra-chave: cooperação.

O objetivo do Nuffic-Neso não é buscar, recrutar estudantes brasileiros. É informar sobre as possibilidades de estudar na Holanda, mesmo com o financiamento do governo holandês. Mas também informar holandeses sobre as possibilidades aqui no Brasil. Essa é uma das funções do Nuffic-Neso. Outra função especialmente importante aqui no Brasil é estimular a cooperação institucional.  Agora está começando a cooperação com a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que prevê cooperação institucional através do edital.

Um financiamento pela Capes para as universidades federais e privadas que possam cooperar com a unidade holandesa. Isso é que importante: essa interação entre os dois países. O Brasil foi escolhido justamente por ser um dos países emergentes. Por exemplo: os Estados Unidos são um país muito interessante em educação superior, só que é país muito avançado, muito mais avançado do que a Holanda e o Brasil.

A Holanda está procurando parceiros em educação superior para obter informação que na Holanda não tem. Aqui tem muita pesquisa avançada na área de biocombustíveis, agricultura, biomedicina... Então, são áreas que a Holanda não tem conhecimento e está buscando. O governo brasileiro também está buscando informação para desenvolver o país. Então o governo holandês, através do Nuffic-Neso, está buscando uma compatibilização.

Um sonho possível

Remon Daniel Boef  - É muito importante sempre perseguir os seus próprios sonhos. Eu tenho a sorte de ter aqui duas colegas, a Adriana e a Mônica, que moraram na Holanda. A experiência só de estar fora do país deu uma validade a mais na vida delas. É uma experiência tão importante para a própria vida, porque primeiro você vai ter independência, você vai se conhecer melhor. Você vai ter uma visão diferente de seu próprio país, de onde você vem, do próprio mundo. Somente por ficar distante você vai olhar com outros olhos.

Além de estudar em outro país e aprender, estar em contato com outras pessoas, é muito importante para a experiência e para o próprio currículo. Hoje em dia, é um dos pontos mais valorizados nas empresas. Se você tem uma experiência no exterior com diploma para mostrar que você tem perseguido essa vontade e conseguiu.

Eu acho que hoje não é tão difícil chegar a outro país. A informação ficou mais clara. Eu diria ao estudante que está interessado em estudar na Holanda, e que considera que isso é uma coisa inatingível, que procure as possibilidades. Nem sempre é tão difícil quanto pensa. Mas tem de perseguir mesmo...     


Equipe Nuffic-NESO Brazil

24/04/2009

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