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Johannes Goes, holandês, morou 15 anos no Brasil (Rio, Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza). Ensinava Inglês. Escreve por prazer, também autor e produtor de um Curso de Inglês de Conversação Prático. Casado com uma brasileira, 3 filhos e uma neta , mora no Algarve, Portugal.

 

Pois, pois

 

From: < pfonseca@iol.pt>
To: Jaime1313@yahoo.com.br

Oi Jaime, meu caro irmão,

Muito calor aí no Piauí? Estou te escrevendo pra você saber como é que vão as coisas do meu lado.

Finalmente cheguei em Portugal. Primeiro passei uma semana por Londres. Não posso com o clima de lá. Céus cinzentos o tempo todo. Também não posso com a maneira deles falar inglês. Pronunciam tudo errado. Completamente diferente da maneira correta como  ensinam aí nos cursinhos de inglês no Brasil.

Como não quero estragar a minha boa pronúncia, adquirida após muitos árduos anos de estudo, foi mais uma razão de me mandar logo.

Dali eu fui de barco para a Holanda. Nunca enjoei tanto na minha vida.O Mar do Norte estava furioso. Acho que deve ser por causa dos holandeses roubar a sua terra a este mar. Na Holanda aproveitei e fui em todo quanto é lugar: Amsterdão, Rotterdão, Volendão e Madurodão. Embora tudo é dão, não dão é nada.

Você teria gostado do Madurodão, que é uma cidade miniatura com preços de entrada maxiatura. Nesta cidade você pode ver muitos prédios bem pequenininhos. Isto é bom porque facilita o "sight-seeing" que em 10 minutos você já conhece a cidade toda. O mesmo não posso dizer de Amsterdão, eu andava, andava mas parece que ia a círculos.

Andei lá de barco também nos canais. Muito bonito por acaso, principalmente à noite. Foi pena que fui de dia. Não tive nenhum enjôo, já que desta vez tomei umas pílulas antes. Não vi as tulipas aqui : botam o chopp num copo diferente dos nossos e também botam muito mais espuma, dois dedos, é obrigatório. Você devia ver os dedos desses holandeses, cada um mais gordo que o outro. Ainda andei num bairro muito pitoresco, onde havia um show noturno com muitas senhoras sentadas na sala da sua casa, com as cortinas abertas, fazendo tricô. Estas senhoras são muito famosas aqui, deve ser por que o tricô que fazem é mesmo bom.

Não sei quantos dias que estive lá, já que cada vez que ia num café, me serviam em vez de café algo para fumar, o que fazia com que a gente se esquecesse do tempo. Foi bom, já que o tempo lá fora estava uma porcaria mesmo. Ainda pensei em visitar a nossa prima Maria Alice que mora aqui já há uns anos mas parece que o marido dela se meteu num negócio que não cheira nada bem e como não quero problemas, deixei pra lá.

Também estive uns dias em Paris. Não me parece que os franceses falam bem o francês. Ficaram me olhando com cara de bobo e não entenderam patavina do que eu falava com eles. Nos cafes deles só se pode beber café mesmo. Por isso me mandei bem depressa de lá também.

Chegando aqui em Portugal o que me surpreendeu foi que tampouco os portugueses sabem falar o português bem. Engolem tudo. Nos primeiros dias tive dificuldade em entender o que diziam. Depois usam umas palavras que nós não temos. Ônibus é autocarro. Trem é comboio. Não ficam na fila, mas na bicha! Meias são peúgas. Quando vão à praia vestem um fato de banho. Todas as mulheres vestem cuecas. Elas não têm calcinhas. Já viu? Também não vi, devo dizer, mas ouví falar. Usam a palavra 'cu' a torta e a direita. Manchete num jornal aqui no outro dia:

" Caiu no cu do 2 º andar e nada sofreu".

Meninos são chamados de "putos". Pode se muito bem indagar a alguém " Como é que vão os seus putos?". Sempre quando quero ser educado, pergunto ao recepcionista do hotel onde estou hospedado e que me contou ter duas lindas filhinhas, "Então como vão as suas lindas putas?"

E ele me responde com " Vá tomar no cu, vá!" Não fico ofendido, já que, como já disse, a palavra "cu" é uma palavra bem aceite aqui.

Sei que logo de início até cometi alguns gafes. Na recepção do hotel trabalham várias garotas bonitas. Uma se chama Lenita, outra Zezita. Tem também uma menina chamada Conceição que todo mundo chama de São. Menina linda e toda sorridente. "E como vai a nossa Sanita hoje?" perguntei-lhe depois de uns dias e já me dava bem com o português daqui. Ela me olhou com ódio e me virou a cara. Nunca mais me sorriu. Só depois é que fiquei sabendo que sanita aqui é o nosso vaso sanitário.

Pois, pois, viajar é aprender.

Um grande abraço,

do seu irmão,

Pedrito.

©John Goes, 2007.

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