Orquestra de frevo do Recife dá show em Amsterdã
Por Margô Dalla
Com um show impecável, o grupo pernambucano “Spokfrevo Orquestra”, fez holandeses e brasileiros dançarem ao som de clássicos inesquecíveis do frevo, na primavera florida da cidade de Amsterdã.
Com 18 integrantes – todos homens, a Spokfrevo Orquestra, é um dos mais importantes grupos de frevo - ritmo pernambucano derivado da marcha e do maxixe do Século XIX. Surgiu no Recife e se caracteriza pelo ritmo extremamente acelerado executado principalmente no carnaval. Naquela época, eram comuns conflitos entre blocos. Os capoeiristas saíam à frente para intimidar blocos rivais e proteger seu estandarte – a sua bandeira.
Da junção da capoeira com o ritmo do frevo nasceu o “passo”, a dança do frevo, que há mais de um século faz de seu ritmo contagiante, um dos principais cartões postais do Brasil, levando todo ano milhões de turistas àquele estado que dançam e se encantam com o som que saem de seus instrumentos e a cadência de sua coreografia cheia de “passos” inigualáveis.É preciso muito fôlego para acompanhar o frevo – os inúmeros blocos pelas ruas de Recife e ladeiras de Olinda -, principal roteiro da folia.
Entre uma música e outra, o maestro Inaldo Cavalcanti – Spok seu nome artístico - explicou à platéia a origem do frevo e como determinada música havia sido concebida. Em cada mensagem, o convite para ir até o estado de Pernambuco para conhecer suas histórias, belezas, música e hospitalidade.
“A orquestra surgiu em 1976 nos ensaios do bloco “Na pancada do Ganzá” e nesse bloco, os músicos podiam improvisar e fazer solos a exemplo do jazz – outra cadência musical. Antes os músicos se limitavam a obedecer à partitura a sua frente, sem oportunidade de mostrar seu talento, mas com a improvisação, com a liberdade de expressão através da música, eles podiam mostrar realmente o que podiam fazer com seus instrumentos e originalidades – uma conversa de instrumentos de sopro e percussão”, afirmou Spok.
A história do estado de Pernambuco se mistura à história dos holandeses através da Companhia das Índias Ocidentais. Na época do Brasil Colonial, chegou ao Brasil, uma expedição comandada por Maurício de Nassau, que governou a colônia holandesa no nordeste de 1637 a 1644. Em Recife, construiu canais, diques, pontes, palácios e jardins; importantes equipamentos para o desenvolvimento daquela região -, portanto, já existe uma simpatia natural entre brasileiros e holandeses que lotaram o Teatro em Amsterdã para o show impecável e profissional apresentado.
Uma frase célebre do músico pernambucano, Zé da Flauta diz que "O Frevo está para o Capibaribe como o Jazz para o Mississipi" o que mostra como esta cadência musical vive no imaginário dos pernambucanos. O maestro Spok também tem uma definição interessante que diz: "O frevo é uma música única e diferente de todas, animada e com uma magia especial: a de passar felicidade".
Outro estudioso do ritmo, Valdemar de Oliveira disse que "O frevo, que é música, trouxe o passo que é dança ou se o passo, que é dança, trouxe o frevo, que é música".
No show de Amsterdã, a Spokfrevo Orquestra apresentou frevos – entre outros - dos músicos Clovis Pereira, Levino Ferreira, Hermeto Paschoal e Sivuca. A apoteose do show foi quando tocaram o mais famoso dos frevos – "O Vassourinha" – de Joana Batista Ramos e do Maestro Matias da Rocha que a compuseram em 1909. Um ritmo frenético – impossível não acompanhar e dançar. E foi assim que terminou! A orquestra desceu do palco e andou pelo teatro e todo mundo atrás dançando e acompanhando, a exemplo do que acontece na capital pernambucana e nas ladeiras de Olinda. Os brasileiros que estavam no show não resistiram e "caíram" na dança, acompanhados pelos holandeses – um autêntico carnaval de Pernambuco, no maravilhoso e suntuoso Tropen Theater em Amsterdã.
20/06/2008
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