Vida e Saúde - Efeitos benéficos do consumo moderado de cerveja
Míriam Sommer
O lúpulo e a cevada, que estão contidos na cerveja, exercem um efeito protetor contra os processos oxidativos do organismo, relacionados com as enfermedades cardiovasculares, inflamatórias e degenerativas, segundo um estudo apresentado em La Coruña, realizado pelas Universidades de Burgos y Valencia e no Hospital Doctor Peset desta cidade.
As conclusões deste estudo estão no livro "Biodisponibilidade dos flavonóides da cerveja. Efeito antioxidante". A Dra. Victoria Valls, uma das autoras, explicou que a investigação se realizou em humanos e animais de experimentação a quem se administrou cerveja, com e sem álcohol, e em humanos com hiperlipemia (níveis elevados de colesterol) a quem foi incluído em sua dieta cerveja sem álcohol. Os investigadores burgaleses e valencianos verificaram, através deste procedimento, que os níveis sangüíneos de LDL (colesterol ruim) e LDL oxidado diminuíram significativamente. Todas estas propriedades se devem aos polifenóis e melanoidinas contidos em diversos ingredientes desta bebida, como é o caso do lúpulo e da casca da cevada.
Resultados em humanos
Os resultados da investigação realizada em humanos demonstram que os níveis de LDL e LDL oxidada haviam diminuído significativamente. Da mesma forma, se observou uma redução significativa dos parâmetros indicativos de stress oxidativo -como a oxidação dos lipídios - e um aumento significativo dos níveis de defesa da própia célula. Pode-se concluir então que a suplementação dietética de cerveja sem álcohol (660ml/dia) pode ser recomendada para aquelas pessoas que posuem cifras elevadas de colesterol. Desta maneira, pode-se melhorar os parâmetros marcadores de stress oxidativo, que conduzem as enfermedades cardiovasculares, como por exemplo o infarto do miocárdio.
Segundo a Dra. Victoria Valls, “durante toda nossa vida temos que ter presente que nosso organismo necessita que os níveis de oxidantes e antioxidantes estejam equilibrados ou a favor de los antioxidantes. El organismo está submetido a um stress oxidativo constante, tanto por agentes endógenos da própria célula, como por agentes externos, tais quais o tabaco, fármacos, agentes nutricionais (contaminantes, aditivos, etc.)”. Valls acrescentou que “para podermos fazer frente a este stress oxidativo, devemos manter níveis adequados de antioxidantes. Para isto, devemos incluir em nossa dieta, alimentos ricos em antioxidantes naturais de origem vegetal que se encontram nas frutas e verduras ou em bebidas fermentadas de origen vegetal como a cerveja, o vinho, ou a sidra, tomadas de forma moderada”.
A cerveja conta com mais de 2.000 compostos, entre eles as vitaminas do complexo B (B1, B2, B12), o ácido fólico, polifenóis e melanoidinas. “Sua capacidade antioxidante se deve ao seu poder de capturar radicais livres, que são espécies oxigênicas reativas não somente responsáveis pela deterioração oxidativa dos alimentos mas também em perturbações da saúde”, explicou la Dra.Victoria Valls.
Enfermidades relacionadas com a alimentação
Na atualidade são muitas as enfermidades relacionadas com a produção de radicais livres como arteriosclerose, câncer, infarto do miocárdio, enfermedades inflamatórias, trastornos do sistema nervoso central (Parkinson e Alzheimer), envelhecimento, etc... “Estas enfermidades tem uma grande prevalência nos países desenvolvidos e estão diretamente relacionadas com a alimentação, e sobretudo com os níveis de antioxidantes dietéticos, que cada vez são consumidos com menor frequência”, comentou a Dra.Valls, que recomendou introduzir, na dieta, alimentos que contenham compostos antioxidantes, como frutas, verduras, hortaliças, azeite de oliva e determinadas bebidas como o vinho e a cerveja tomados com moderação; esta última rica em compostos fenólicos y melanoidinas capazes de capturar radicais livres, segundo foi constatado neste estudo.
Além do mais, a Dra. Valls ressaltou a importância da cerveja ante os processos cardiovasculares, já que a cerveja, além de conter compostos polifenólicos e melanoidinas com atividade antioxidante, contem outros compostos como os folatos que estão implicados na redução do risco cardiovascular.
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