Vida e saúde
O sol e a nossa saúde – dicas para o verão
Miriam Sommer
Os seres humanos de qualquer lugar do mundo têm uma relação especial com o sol. Somos aquecidos pelo sol e o planeta terra e enriquecido através da ajuda fornecida pelos raios solares. Ao mesmo tempo em que temos uma necessidade muito grande do calor e da luminosidade solar, os seus raios podem ser muito perigosos e terem um efeito letal sobre os homens. Nossa saúde, nosso bem estar não só dependem da forma como lidamos com os efeitos benéficos que o sol nos proporciona, como também depende da forma como nos protegemos dos seus raios.
O sol é pura energia eletromagnética, que é propagada em ondas eletromagnéticas. Em termos de saúde, as partes mais importantes do espectro da radiação eletromagnética são:
- a radiação ultravioleta (UV), que é invisível ao olho;
- a luz visível que nos permite enxergar; e
- a radiação infravermelha, que é a nossa maior fonte de calor e que também é invisível.
Uma exposição excessiva a elas impõe um risco à saúde.
Os efeitos dos raios ultravioletas sobre a pele
Os raios ultravioletas (UV) que vêm do sol penetram na pele e são absorvidos pela epiderme, pela derme e pelo tecido subcutâneo. Tanto quanto sob o sol ou sob as lâmpadas de bronzeamento artificial, a superexposição aos raios ultravioleta tem efeitos nocivos para a nossa pele.
A pele é afetada quando exposta excessivamente aos raios UV, responsável por promover uma série de alterações crônicas na mesma.
Quando somos expostos ao sol, nossa pele sofre uma série de mudanças:
Efeito do bronzeamento a curto prazo: apesar de gostarmos muito de um bronzeamento, este não é sinal de boa saúde. Quando nos expomos ao sol, o nosso organismo, munido de um mecanismo de defesa, produz o pigmento chamado melanina, que torna a pele amarronzada. O bronzeamento faz a pele envelhecer prematuramente.
Queimadura de sol: queimaduras ocorrem quando o corpo recebe quantidades de irradiação excessiva. Durante o processo, a pele pode ter bolhas, indicando uma queimadura de segundo grau.
Mudanças na pele ao longo do tempo: a pele pode mudar de muitas formas, causando envelhecimento, secura, enrugamento e pode desenvolver uma textura grossa e surgir um numero aumentado de vasos sanguíneos superficiais.
Câncer de pele: apesar do sol não ser o único fator de risco para câncer de pele, diversos tipos de câncer de pele podem surgir ao longo do tempo. Existem três tipos básicos de câncer de pele: carcinoma de células basais, carcinoma escamoso celular e o melanoma.O melanoma constitui o tipo de câncer de pele mais perigoso e pode ser mortal pois pode atingir órgãos vitais ao longo do tempo.
A Organização Mundial da Saúde estima que ocorrem anualmente 2 milhões de câncer do tipo não melanoma e 200 mil melanoma no mundo todo.
Pessoas que correm mais risco de câncer de pele
As pessoas de pele caucasiana possuem um alto risco de melanoma, devido a sua pele possuir menos pigmentação. Existem estudos que mostram evidencias de que o risco de melanoma aumenta quando o individuo foi exposto intermitentemente às radiações UV. Os estudos que relacionam este tipo de câncer de pele com as lâmpadas de luz para bronzeamento artificial ainda não são conclusivos.
As pessoas de pele morena e negra são também vulneráveis. Sabe-se que os grandes riscos ocorrem nas regiões das palmas das mãos, as solas dos pés e sob as unhas.
Idade de risco
75% da radiação solar recebida durante a vida, ocorre nos primeiros 20 anos, portanto, quanto mais cedo começar a se proteger do sol, melhor. Os efeitos da radiação solar ultravioleta (UV), em geral, só se manifestam com o passar do tempo, pois vão se acumulando no organismo. As lesões começam a aparecer, na maioria das vezes, por volta dos 40 anos de idade. Por isso, proteja as crianças e estimule os adolescentes a se protegerem.
Uma queimadura solar com bolhas antes da idade de 10 anos dobra a probabilidade de uma criança desenvolver um melanoma maligno ao longo da vida.
Efeito cumulativo da exposição solar
Se expor ao sol ao longo da vida pode ser letal. A exposição solar é cumulativa; quanto mais o individuo se expuser ao sol ao longo da vida, maior a chance de desenvolver um câncer de pele.
Locais do corpo mais afetados pelo câncer de pele
- A grande maioria dos cânceres de pele localiza-se na face, onde ocorre a maior incidência dos raios solares. Outro local vulnerável é a zona do peito, isto é, o local de decote das camisas, seguindo o mesmo raciocínio de maior exposição aos raios solares.
Os problemas que a exposição aos UV ocasiona aos olhos
Os efeitos dos UV sobre os olhos podem ser do tipo foto-conjuntivite ou foto-queratite, que são referentes a uma espécie de queimadura que ocorre nas córneas e nas pálpebras. Embora dolorosos, estes efeitos são reversíveis e de fácil prevenção usando óculos escuros adequados.
Os efeitos crônicos dos UV incluem o desenvolvimento do pterygium (um crescimento opaco e de cor creme junto à córnea), o câncer de células escamosas da conjuntiva e a catarata.
A Organização Mundial da Saúde estima que 20 milhões de pessoas espalhadas pelo mundo são portadores de cataratas. Destas, a organização estima que 20% são atribuídas a exposição aos UV. Importante acrescentar que a redução de 1% da camada de ozônio ocasiona uma elevação de 0,5% do numero de portadores de catarata causados pela exposição aos UV.
Olhar diretamente ao sol pode danificar seriamente um local da retina chamado fóvea. Quando as células da fóvea são destruídas, as pessoas perdem a visão detalhada, tornando impossível a leitura, olhar televisão, costurar, dirigir um carro ou qualquer outra atividade visual que requer reconhecimento detalhado.
Prevenindo os problemas ocasionados pelos raios UV
Proteger a pele dos raios UV é mais importante durante a infância do que durante a idade adulta, devido ao fator cumulativo de exposição aos raios solares.
Horário de exposição -Tentar evitar a exposição solar no período de 10 da manha ate às 3 da tarde.
Roupas adequadas – Usar roupas que possam proteger as zonas mais perigosas como a face e a zona do decote, bem como fazer uso de roupas que sejam feitas de fibras mais fechadas para evitar a penetração dos raios solares.
Segundo um estudo epidemiológico suíço que recém foi publicado na literatura medica, usar roupas protetoras é melhor do que usar o protetor solar para prevenir o câncer de pele, e ajuda a travar o efeito cumulativo dos raios solares que se acumulam durante os anos de exposição solar.
Embora nada possa bloquear os raios solares (a não ser ficar dentro de casa), vestir uma roupa de tecido bem fechado e grosso e usar um chapéu parece ser a melhor coisa, adverte o médico pesquisador Stephan Lautenschlager do hospital suíço Triemli. Essa foi a conclusão a que ele chegou, junto com outros pesquisadores suíços, apos uma extensa revisão na literatura medica publicada no jornal The Lancet.
Os estudiosos constataram que existe uma diferença na proteção aos raios UV, quanto aos tipos de tecidos usados para proteger o corpo e evitar, consequentemente o câncer de pele.
Uma camisa de algodão de cor clara promove uma limitada proteção, equivalente a um protetor solar com fator de proteção 10 (os fatores de proteção solar podem variar entre o fator 2 a 64).
Testes laboratoriais que testam a transmissão dos raios UV através dos tecidos mostram que vários fatores estão em jogo, como a grossura do tecido, o peso, a cor, o tipo e a porosidade do mesmo.
A umidade do tecido também conta: uma camiseta usada durante a natação, como um fator de proteção contra o sol é menos efetiva do que quando usada seca.
Desta forma, dizem os pesquisadores, a proteção de vestuário ideal é quando a roupa esta seca, é escura e não é branqueada, o tecido é grosso e a malha é apertada, feito de denim, lã ou material sintético como o poliéster. Ao contrario, o vestuário menos adequado é o composto pó tecidos de cor clara, tecidos de malha solta, e tecidos de material do tipo algodão, linho, acetato e rayon.
Tecidos que foram encolhidos ao serem lavados são melhores para proteger dos raios lesivos do que os tecidos elásticos e aqueles que foram branqueados.
No mesmo estudo, os pesquisadores ainda concluíram que ainda existem relatos conflitantes. Ainda não é possível saber, com os dados epidemiológicos que se tem até agora, se esta proteção oferecida pelo vestuário adequado pode prevenir os nevos melânicos que, na realidade, predizem o subseqüente melanoma maligno.
O uso dos filtros solares
Nessa mesma pesquisa, os pesquisadores pontuam que nem sempre a nossa sociedade aceita uma solução como a que eles estão propondo, em vista do fato de as pessoas preferirem se expor aos perigos a se proteger com uma roupa que não seja da moda. A estas pessoas eles aconselham a fazer uso de um protetor solar adequado.
Eles sugerem:
- Aplicar o protetor solar livre e uniformemente sobre a pele. Sugerem que os que contem oxido de zinco são os melhores.
- Protetores orgânicos devem ser aplicados 15 a 30 minutos antes da exposição solar.
- Os protetores devem ser resistentes à água.
- Quanto mais alto o Fator de Proteção Solar, tanto melhor. A Sociedade Americana do Câncer recomenda um fator de proteção superior ao 15.
Muitos estudos mostram a redução no número de queratoses e carninomas de células escamosas entre a população que se protege cuidadosa e regularmente com protetores solares mas não mostram a redução de câncer de células basais.
Embora muitos estudos mostrem que os protetores solares fornecem proteção contra os efeitos de envelhecimento, os mesmos estudos ainda são sem conclusão final, no tocante a diminuição do melanoma.
- Aplicar o protetor mesmo em dias que estejam nublados
- Reaplicar o protetor solar ao longo do dia, a fim de que ele seja eficiente.
- Não usar lâmpadas de bronzeamento artificial, ou pílulas que estimulam o bronzeamento. Estes podem ser tão danosos quanto o sol.
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