Sábio ou esperto?
Raphael Curvo
A educação no Brasil, como é do conhecimento de todos, não consegue impulso para se desatracar do cais do porto do caos. Este cenário permanecerá até que tome posse, pelo menos nos governos municipais, o rebocador da inteligência, que puxará pelo cabo da sabedoria a educação e a fará navegar pelos mares da criatividade. É disto que necessita este nosso Brasil para se lançar de forma definitiva, na seara da segurança econômica e da qualidade de vida. Vários são os países que já atingiram tais patamares incentivando e proporcionando condições ao seu povo de ser criativo e cada vez mais evoluído no campo tecnológico, das relações humanas e do crescimento pessoal.
E nós? O que temos pensado e realizado a respeito? Qual a razão de permanecer sempre no arrastão do crescimento mundial? A esta minha indagação, depois de certos levantamentos, a Coréia respondeu, a Finlândia, a Suécia, a França, a Inglaterra, os Estados Unidos assim como muitos outros responderam inclusive a China, que está respondendo. A resposta é a educação. Está presente em todos os primeiros momentos de evolução desses países. É este processo que solidifica a postura ética e aplana o terreno para o desenvolvimento de qualquer povo. Reduz os barrancos e morros que impedem a população de ver o horizonte promissor.
É a educação que poderia impedir os abusos que acometem o nosso Brasil. É ela que faria o nosso presidente não pronunciar frases de defesa do tabagismo quando o mesmo presidente autoriza gastos milionários na mídia nacional nas campanhas antifumo. É com a educação que o nosso governo entenderia que a Petrobrás só cresceu porque houve aplicação financeira de muitos investidores, inclusive de trabalhadores brasileiros, através de fundos de investimentos. Foram quantias fantásticas que os tornaram detentores de 68% das ações da companhia. Deveriam ser respeitados.
É a educação que faria nossos administradores não permitirem os devaneios nas relações institucionais e omissões na administração de nossa infra-estrutura. É a educação que não permitiria a continuidade de operações em aeroportos como Congonhas com aviões acima da capacidade operacional da pista e sem escape em uma emergência, todos a espera de nova tragédia. Vamos imaginar que o acidente desta semana fosse com um aparelho de maior tonelagem. Quantas pessoas estariam em luto agora?
É a educação que levaria o nosso governo a uma decisão sensata na política educacional do País em expandir o ensino público profissionalizante de forma a dar condições aos jovens mais carentes em se inserir, em um primeiro momento, no mercado de trabalho independentemente de “primeiro emprego”. Não permitiria transformar PROUNIs da vida em facilitador para o caminho da frustração de milhares de jovens que buscam a universidade para melhoria de emprego, transformando um centro de excelência educacional em mero fornecedor de diplomas.
É a educação que não permitiria essas trapalhadas todas a respeito do “pré-sal” já que acionista tem direitos pelo que investiu e o governo não dispõe de dinheiro para extração do petróleo das bacias descobertas. Estas poderão, dependendo do mercado mundial e das novas tecnologias em combustíveis, serem úteis à economia nacional e com isso tornar o Brasil realmente auto-suficiente, o que hoje ainda não é. Gastamos neste ano mais de cinco bilhões de dólares na importação de combustível. O nosso petróleo não é de boa qualidade e não temos refinaria para processá-lo.
É a educação que não permitiria ao presidente deixar ao seu sucessor enormes encargos tais como aumentos salariais do funcionalismo, infra-estrutura detonada, uma olimpíada, uma copa do mundo de futebol, um povo endividado até o pescoço com o crédito fácil e por aí vai. Quedas no preço das comodities, redução na produção industrial de vários setores, saída de 22 bilhões de dólares a mais dos que entraram, são sinais de que o momento vai exigir preparo e conhecimento para atuar. Responda: Temos um presidente sábio ou esperto?
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