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Rodolfo Torres - Formado em comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é jornalista e redator. Mora em Brasília há dois anos e trabalha cobrindo a política nacional.
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Paciência ou indiferença
Por Rodolfo Torres
Brasília - Algumas notícias publicadas pela imprensa do Brasil conseguem dizer muito mais sobre o povo desse país do que qualquer outra coisa. E, o que é mais intrigante: essas notícias não costumam ganhar destaque. Uma única notícia desvenda em poucas linhas um povo tão plural e não há o menor alarme em torno do fato. Uma informação crucial para entender o que nos tornamos, e o que poderemos esperar de nós mesmos, e nenhuma publicidade extra.
Não é segredo para ninguém que as notícias do Judiciário, com seu vocabulário todo próprio e que ninguém entende (na verdade, muita gente do meio jurídico acredita que está aí a magia da área do direito), não despertam interesse. O que interessa mesmo é o esporte, a página policial e se o pão e a tarifa do ônibus vão aumentar. Fora isso, o brasileiro comum passa a vista no noticiário com um desprezo de colonizador inglês.
E ontem, como todos os outros dias, as notícias dos tribunais não interessaram a ninguém além de um ou outro que entende o que é noticiado. Como não há esforço em se fazer entender por um lado, e como não há esforço em entender pelo outro, a coisa fica do jeito que está, que está de bom tamanho. No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) se fez noticía ontem. De acordo com o esse braço da justiça patrícia, o STF só deverá decidir no próximo ano se aceitará a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra os 40 acusados de envolvimento no esquema do mensalão.
O procurador-geral da República encaminhou a denúncia há mais de um ano, dizendo, entre outras coisas, que uma quadrilha havia se instalado na administração do Estado. E o presidente foi reeleito com uma votação histórica... O procurador-geral da República, indicado pelo próprio presidente da República, fala em quadrilha no Estado. E o presidente, reeleito. E com votação histórica...
O ministro do STF Joaquim Barbosa, relator do caso, descartou a possibilidade de qualquer decisão sobre o episódio até o fim de dezembro. Cabe aqui lembrar que o mensalão foi o pagamento, comprovado por meio de depósito nas contas bancários de diversos parlamentares, que o governo fez a deputados para que votassem de acordo com as orientações do Planalto. Não é uma suposição. O mensalão foi um fato! O mensalão existiu.
O STF ainda está em dúvida para saber o local que julgará tanta gente. Uns terão direito a julgamento diferenciado, outros não. Ou todos terão. Ou alguns serão julgados no STF e outros na Justiça comum. Na verdade, ninguém sabe onde serão julgados porque não existe interesse no julgamento. Esse jogo de empurra é um recado claro para o público: podemos enrolar o quanto for necessário. E eles podem mesmo.
Questionado por repórteres sobre o prazo da conclusão dos julgamentos do mensalão, o ministro do STF Joaquim Barbosa, indicado por Lula, declarou: "Quando vocês estiverem velhinhos". E com apenas uma resposta curta, quatro palavrinhas simples, o ministro nos mostra como somos. Nos mostra o que somos, o que nos tornarmos. E surge uma pergunta inevitável sobre o nosso futuro... O que nos matará primeiro: a paciência ou a indiferença?
- 15/11/2006
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