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Rodolfo Torres - Formado em comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é jornalista e redator. Mora em Brasília há dois anos e trabalha cobrindo a política nacional.
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Aumentos e brigas
Rodolfo Torres
Brasília - Por uma coincidência nada divina, os deputados aprovaram o próprio aumento salarial no mesmo dia em que o papa Bento XVI chegou ao Brasil. Além do próprio aumento, eles também aprovaram o mesmo aumento de 28,53% para os contra-cheques dos senadores, do presidente da República, do vice-presidente da República e dos incontáveis ministros.
Agora é a vez dos senadores analisarem a proposta. Então, vamos a ela. Os parlamentares deixarão de receber a atual bagatela de R$ 12.847,20 para ganharem R$ 16.512,09. O reajuste, de acordo com os próprios congressistas, é uma “correção salarial” baseada no índice de inflação dos últimos quatro anos. Atualmente, o presidente Lula recebe R$ 8.885 como nosso líder supremo. Com a aprovação da proposta, ele passará a ganhar R$ 11.420 para dirigir esse país. Por sua vez, o salário do vice e dos ministros passará dos atuais R$ 8.362 para R$ 10.748.
Particularmente, acho que o aumento salarial aprovado foi pouco. Se desejassem, os parlamentares teriam aprovado para si o aumento de quase 92%, proposto no final do ano, que equiparava o salário de deputados e senadores aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal, ou seja, R$ 24.500.
Falar em salário no Brasil é complicado. Não dá nem para começar a brincar de querer falar sério quando o mínimo não chega nem aos R$ 400. Melhor é levar a vida como sempre e torcer para que os nobres congressistas tenham pena desse povo que vende o almoço para comprar o jantar.
Os deputados que abertamente falavam a favor do aumento, chamavam os colegas parlamentares que se posicionavam contra a proposta de “demagogos”. Está certo. Triste de qualquer classe que não lute pelos próprios benefícios.
Mas o mais ilustrativo dessa quarta-feira (9) na Câmara não foi a aprovação do aumento salarial para o Executivo e o Legislativo enquanto o papa chegava ao país. Isso já era de se esperar. Afinal, nada como uma visita ilustre para desviar as atenções deste povo no qual a fé lhe escorre pelos poros queimados de sol e fogo.
O que realmente importa ser noticiado foi o pranto da deputada Cida Diogo (PT-RJ) ao presidente em exercício da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE). Enquanto os deputados votavam a proposta que homenageava o primeiro santo brasileiro, Frei Galvão, a deputada vai ao presidente da Câmara chorando.
Logo, diversos deputados cercam a parlamentar para ouvir o seu relato. De acordo com ela, o deputado Clodovil Hernandes (PTC-SP), teria dito que ela “era tão feia que não servia para ser puta”. Apenas para entender o caso: no mês passado, Clodovil, que é estilista, afirmou que desistiu de fazer vestidos para as mulheres porque atualmente elas estavam “ordinárias” e que “trabalhavam deitadas e descansavam de pé”. A parlamentar colhia assinaturas desde então para entrar com um requerimento contra Clodovil na Mesa Diretora da Câmara. Parece que a paciência dos deputados se esgotou com Clodovil. Mas tudo é possível, inclusive o perdão a ele. Afinal, a Câmara é a casa do perdão.
Muitos discursos de apoio à parlamentar depois, é chegada a hora de outro deputado, desta vez Fernando Gabeira (PV-RJ), provocar outra discussão. Gabeira falou que a Câmara poderia economizar nos seus gastos. Como exemplo, ele citou a viagem em que, segundo o que lhe disseram, 70 deputados foram ao Uruguai para a primeira sessão do Parlamento do Mercosul.
O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), tratou de provar que Gabeira estava equivocado em suas conclusões. “Quem te falou nesse número mentiu, e espero que você não reproduza mentira”, disse Chinaglia a Gabeira. E o parlamentar do PV não foi mais visto, na sessão que iria transcorrer até depois da meia-noite, onde mais uma vez o governo provou sua incompetência numa votação qualquer, que destinaria uma fortuna às prefeituras deste país. Pobre país.
-11/05/2007
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