Os parlamentares já estão de férias
Rodolfo Torres
Brasília - Na prática, o Congresso Nacional só funcionará no próximo
ano. A não ser que algo muito catastrófico aconteça. Falo isso
porque, no início do recesso do meio deste ano, um avião da TAM
explodiu em Congonhas e deputados se reuniram no período em que a
nação descansaria deles. E olha que os aeroportos já estão dando
sinais de que teremos mais um final de ano complicado. Tomara que
Deus nos ajude...
O último suspiro de atividade dos parlamentares em 2007 foi promulgar
a prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União). Para dizer
a verdade, o povão não entende o que é a DRU. Por sua vez, a imprensa
teve que aprender o que esse mecanismo na semana passada.
Isso porque a vedete de toda a cobertura jornalística era a CPMF
(Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Resultado: a
CPMF foi rejeitada e a DRU, aprovada.
No último dia de atividade do Parlamento, os congressistas também
aproveitaram para homenagear o arquiteto Oscar Niemeyer pelo seu
centenário e por sua obra.
Apenas para citar dois depoimentos sobre a nossa maior referência na
arquitetura, transcrevo o que disse o senador Eduardo Suplicy
(PT-SP): "Niemeyer é um artista que soube captar a beleza das linhas
na construção de um mundo mais bonito". E o que disse o senador Mão
Santa (PMDB-PI): "Niemeyer só perde para o arquiteto do universo, o
nosso Deus".
Mas o fim da CPMF continua a ser o principal assunto do meio
político. Apesar do nosso presidente ter afirmado, nessa
quinta-feira, que não perdeu "nem meio minuto de sono" com o fim do
imposto do cheque, a maior derrota política do governo Lula imposta
pelo Congresso parece que ainda vai ecoar por um bom tempo como
assunto principal de nossas editorais mais "sérias".
O próprio presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), divulgou
hoje uma pesquisa, encomendada pelo próprio Senado, que revela que
78% dos brasileiros aprovaram a rejeição da CPMF. Já o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, foi ao Senado para dizer a quem
quisesse ouvir que o fim da CPMF não comprometeria as metas fiscais
do governo.
"Reafirmo o compromisso do governo com a manutenção do superávit
primário e com a consistência da política fiscal", disse Meirelles,
com a clara intenção de acalmar o mercado financeiro. Já que o
ministro da Fazenda e o presidente da República demoram a se
entender, Meirelles tem que tranqüilizar os investidores
internacionais.
O próximo ano promete, e muito, em relação a tal da reforma
tributária. Lula avisou que enviará uma proposta ao Congresso em
fevereiro. Se bem feita, a tão esperada reforma tributária amenizará
a violenta carga tributária que o brasileiro é obrigado a pagar.
Se mal feita, o que é o mais provável, essa reforma pode até diminuir
a quantidade de impostos, mas afetar áreas essenciais. O que deve ser
feito é cortar tributos e aumentar a eficiência de suas aplicações.
Com o quadro político que contamos, alguém aí acredita que isso é
possível? Sem contar que o ano de 2008 será extremamente curto, uma
vez que o segundo semestre será de eleições municipais.
Com ciúmes da atenção dedicada ao Senado, o presidente da Câmara,
Arlindo Chinaglia (PT-SP), prometeu compensar as quatro semanas em
que os deputados não votaram nada em plenário.
"Vamos trabalhar na quarta-feira de cinzas e nas segundas-feiras
seguintes, justamente porque essa lentidão no final do ano incomodou.
Então vamos pisar no acelerador", disse o petista. E que 2008 seja
melhor para todos!