Deputados-candidatos criticam projeto de senador-candidato
Rodolfo Torres
Brasília - Dois deputados federais, que são candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro, discutiram nessa quinta-feira (3) com o ministro da defesa, Nelson Jobim, durante uma audiência na Câmara.
O encontro discutia a morte de três jovens do Morro da Providência, localizado no Rio, assassinados por traficantes do Morro da Mineira. Eles foram entregues aos bandidos pelos militares que atuam nas obras do projeto “Cimento Social.
Jobim afirmou que as obras do projeto social, que são de autoria de outro candidato à prefeitura do Rio, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), não tinham caráter eleitoral. Para ele, a presença do Exército no morro é “legítima”, tendo em vista que uma das competências desses militares é cooperar na execução de obras públicas.
Por sua vez, os deputados Chico Alencar (Psol-RJ) e Fernando Gabeira (PV-RJ), que também vão concorrer à prefeitura carioca, mostraram panfletos que associavam a imagem de Crivella ao projeto.
Para eles, o governo favorece o senador ao implementar o projeto naquela comunidade, que é localizada em um local que favorece a visibilidade. Segundo Chico Alencar, deve-se debater “o uso político” dos militares naquela comunidade.
No mês passado, três jovens do Morro da Providência foram entregues por militares que atuam no projeto social a traficantes de uma facção rival do Morro da Mineira. Os corpos dos três rapazes, que tinham 17, 19 e 24 anos, foram encontrados num lixão da Baixa Fluminense.
Ainda em junho, a Justiça Federal determinou a retirada imediata das tropas de segurança do Exército da Providência. “A atuação do Exército na segurança pública naquele local violou o dever de abstenção de condutas que causem ameaças ou danos ao direito social, situação evidenciada pelo homicídio de três jovens residentes na comunidade”, afirma.
No último dia 24, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) embargou as obras do projeto. Os fiscais lacraram o canteiro de obras e o barracão do programa.
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), autor de emendas ao orçamento para a viabilização do projeto e candidato à prefeitura do Rio, lamentou a morte dos jovens, mas defendeu a manutenção dos militares na comunidade.
Em artigo publicado em um jornal fluminense, o senador afirma que a intenção do projeto “é ajudar as famílias a terminarem suas casas nas comunidades carentes”.
“O Presidente Lula, atento a esta questão, destinou 12,6 milhões de reais para a obra, e, na primeira fase, 782 casas receberão argamassa, pintura, portas e janelas, reforço estrutural e telhado para evitar a proliferação do mosquito da dengue nas comunidades carentes. O Exército será encarregado de realizar a obra por razões históricas. Será uma clarinada de fé e de esperança, uma alvorada redentora para centenas de famílias carentes, que, finalmente, poderão concluir suas casas”, escreveu Crivella.