Salvatore Cacciola chega ao Brasil e está preso
Rodolfo Torres
O ex-banqueiro Salvatore Cacciola chegou ao Rio de Janeiro na madrugada dessa quinta-feira (17), por volta das 4h30. Cacciola passou 10 meses preso em Mônaco e agora, após chegar ao Brasil, ficará preso no presídio Ary Franco, na capital fluminense, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
Salvatore Cacciola foi condenado pela Justiça brasileira a 13 anos de prisão por gestão fraudulenta e desvio de dinheiro público. Em 1999, durante o governo Fernando Henrique, ele teria se beneficiado de informações sigilosas sobre a desvalorização do real. Estima-se que o banqueiro tenha dado um prejuízo de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.
Em entrevista coletiva realizada logo após a sua chegada, o banqueiro afirmou que não fugiu do país. "Fui para a Itália com passaporte carimbado, entrei na Itália e saí do livre, com decisão do ministro Marco Aurélio Mello [do Supremo Tribunal Federal, que liberou o banqueiro da prisão], cheguei na Itália em 17 de julho e estou voltando ao Brasil em 17 de julho", afirmou Cacciola em entrevista ao chegar ao país.
"Estou voltando preso mas é bom lembrar que as pessoas que foram condenadas junto comigo nesse processo estão trabalhando, estão livres. Eu não estava fazendo nada diferente do que elas estavam fazendo aqui. Só que eu estava fazendo na Itália e respondendo a todos os processos por rogatória. Estava sempre à disposição da Justiça; a diferença é que eu estava na Itália", complementou.
Ontem, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Gomes de Barros, concedeu liminar que impedia que a Polícia Federal (PF) o algemasse quando ele chegasse ao Brasil.
A decisão de Barros também garante a comunicação entre os advogados de defesa e Cacciola, assim que ele chegar ao país. Segundo o STJ, o uso de algemas não pode ocorrer “como instrumento de constrangimento abusivo à integridade física ou moral do preso”.
O ministro também ressalta que Cacciola é idoso, não podendo oferecer resistência aos policiais federais que integram a comitiva responsável pela escolta.
Na véspera da chegada de Cacciola ao país, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que o ex-banqueiro não seria entregue à imprensa de forma constrangedora. “Quanto a não aparecer nas câmaras, esta já é a orientação da direção da PF. As pessoas não podem ser expostas publicamente”, afirmou.
Tarso Genro acrescentou que a extradição do ex-banqueiro não tem nada de pessoal. “Para nós interessa muito pouco quem ele é, qual o seu passado e suas relações políticas. O senhor Cacciola está voltando porque é um condenado pela justiça brasileira.”