Supremo libera último preso da Operação Satiagraha
Rodolfo Torres
Último preso da Operação Satiagraha, Hugo Chicaroni conseguiu um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) nessa quinta-feira (14). Ele pediu extensão do habeas corpus concedido na última terça a Humberto Braz, considerado o “braço direito” do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. Com a decisão, ambos, acusados de tentativa de suborno, vão esperar o julgamento em liberdade.
“A defesa alegou que a situação processual de Chicaroni seria idêntica à de Humberto Braz. Afirmou, ainda, que o próprio Ministério Público Federal em São Paulo teria se manifestado favoravelmente à liberdade provisória de seu cliente, em razão de decisões anteriores do STF de cassar as prisões temporárias e preventivas de envolvidos na Operação Satiagraha”, afirma o STF.
Hugo Chicaroni e Humberto Braz teriam, a mando de Daniel Dantas, tentado subornar com US$ 1 milhão o delegado da Polícia Federal Victor Hugo Rodrigues Alves para que ele retirasse o nome do banqueiro e de pessoas ligadas ao Opportunity das investigações policiais.
Dantas, Braz e Chicaroni foram nessa quinta à 6ª Vara Federal Criminal em São Paulo para prestar depoimento. Contudo, eles permaneceram em silêncio e não responderam às perguntas do juiz Fausto De Sanctis.
Dantas foi preso duas vezes no início de julho deste ano, acusado de coordenar uma série de crimes financeiros. Além dele, também foram detidos o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. O banqueiro foi o primeiro a receber o habeas corpus do Supremo. Dantas também foi o único que, por causa dessa operação da PF, recebeu o benefício duas vezes da mais alta corte de Justiça do país.
Dantas prestou depoimento à CPI dos Grampos da Câmara na quarta-feira (13). Aos parlamentares, o banqueiro afirmou que o diretor-geral da Abin articulou a Operação Satiagraha como represália à divulgação de um suposto dossiê. Os documentos, divulgadas pela revista Veja, mostrariam supostas contas de Lacerda no exterior.
O dono do Opportunity também afirmou que o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz disse a ele que iria investigar Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula. A declaração teria sido feita na semana passada, durante depoimento de Dantas na Polícia Federal.
De acordo com Dantas, Protógenes disse que investigaria a venda da Brasil Telecom para a Telemar e, caso fosse necessário,"ia até o fim para investigar o filho do presidente Lula". Dantas destacou que não conhece o filho do presidente Lula e negou qualquer vínculo profissional com Lulinha. "Ele não é meu sócio em nada." Em 2004, a Telemar investiu R$ 5 milhões na Gamecorp, empresa de propriedade do filho do presidente Lula.