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Sérgio
Godoy é paulistano, graduado
em Artes Visuais: Central Saint Martins School of Art
, em Londres. Participou de várias antologias
literárias no Brasil e alguns de seus poemas
foram publicados em Poetry Review UK. |
AMIGOS PRÓXIMOS, AMIGOS DISTANTES
Sérgio Godoy
Paul Gauguin foi um dos grandes inovadores da arte moderna e dividiu com Van Gogh curto e conturbado elo de amizade. Compartilharam de um só intuito: o amor à arte.
Milton Nascimento cantou: “ Amigo é coisa para se guardar, dentro do coração, do lado esquerdo do peito…” e não existe dúvida em relação a isso; amizade pode proporcionar as mais diversas emoções. É uma união necessária que faz parte de nosso desenvolvimento como pessoa. Com amigos aprendemos, ensinamos, dividimos nossas inseguranças e, principalmente, nos divertimos. O significado de uma verdadeira amizade está na mútua confiança, no saber ouvir sem julgar, ao abrir os braços e abraçar sem esperar nada em retorno, cobranças ou superioridade. A competição não deve existir e a honestidade das palavras deve resultar-se positivamente.
Durante muitos anos encontrei pessoas que se tornaram grande amigos e com o passar do tempo, cada um buscando sua própria evolução, seguiram diferentes caminhos. Outros permaneceram, novas amizades surgiram…
Mas ao contrário do que se possa imaginar, fazer amigos não é fácil, leva tempo, pelo menos no real sentido da palavra; uma amizade com profundas raízes. Por isso fica-se triste quando inevitavelmente uma amizade termina. Mesmo estando à distância é importante preservar o amigo, repartir uma parte da vida com notícias, fazer planos para um futuro encontro, dedicar-se ao aprendizado de saber ouvir e responder. Porque somos mesmos diferentes, dentro da diferença que faz de nós uma única pessoa…
Um ano atrás estive em São Paulo e fui ao reencontro de alguns amigos. Busquei e rebusquei antigos números de telefones, endereços e, aos poucos completei minha lista. Depois de muitos anos ausentes ainda refletíamos a mesma curiosidade, o prazer nas mesmas escolhas, a mesma autenticidade que sempre apreciei.
Na Holanda minhas amizades diferenciam entre alguns amigos holandeses e alguns brasileiros, ainda que em outro contexto, não é possível comparar com os mesmos amigos que já me viram chorar, sorrir e promover entertenimento. A comunidade brasileira perde-se entre pequenos valores materialistas e a ferocidade da sobrevivência em um país estrangeiro. Existe uma grande mescla de brasileiros em Amsterdã onde o interesse por uma nova cultura - em fato - qualquer outra cultura, é mínimo. Quando um estrangeiro segrega-se somente ao grupo de sua própria raça não há possibilidade de expansão, de novos conhecimentos e conseqüentemente, novos amigos.
E sem querer cair dentro de algum clichê, penso mesmo que uma amizade deve ser cristalina, sem sombras negativas e com muita dedicação. Afinal de contas, ninguém vive por si somente.
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