O DIA DA RAINHA (Koninginnedag)
Sérgio Godoy
O
dia da rainha chegou! Todos os anos, no dia 30 de abril,
a Holanda comemora o aniversário da rainha. É uma
festa nacional que faz parte da cultura holandesa desde
1890. Milhares de pessoas saem às ruas para comer,
beber e dançar nos diferentes palcos instalados
pela cidade.
A
festa começa na noite anterior e
segue no dia seguinte deixando o país brilhar em
sua cor nacional: o laranja. Amsterdã recebe um
grande número de pessoas vindas de outras cidades
e os parques são reservados para as crianças
que performam com seus violinos pequenas coreografias e
acabam por receber uns trocados. O básico de toda
a festividade é comprar e vender qualquer coisa
por um preço simbólico. A cidade torna-se
o maior mercado livre em toda a Europa e pode-se adquirir
desde uma caixinha de alfinetes até um bonito objeto
d’arte. Mas como o comercialismo se impôs,
encontra-se também produtos derivados das lojas
onde seus proprietários aproveitam o dia para comecializar
sem pagar impostos (é o único dia
do ano em que se permite vender sem licença da prefeitura)
quebrando o verdadeiro intuito da festa.
Os
canais de Amsterdã ficam repletos de barcos onde seus ocupantes
vestidos na cor laranja cantam e promovem um autêntico
carnaval. O turista que aqui chega desatento sobre o grande
acontecimento pensa que Amsterdã é assim,
o ano inteiro, mas não leva muito tempo para descobrir
e aproveitar de tudo o que é oferecido.
A
polícia
distribui folhetos informativos tais como: Amsterdã possui
uma mentalidade bastante aberta e positiva, mas lembre-se,
urinar nos canais é proibido e no Red Light District
não é permitido tirar fotos das mulheres
que trabalham nas vitrines. Lembre-se, nem tudo que parece
ser, é! Há um grande número de transexuais
que alí também trabalham. Tudo é levado
em consideração e cuidadosamente planejado.
Apesar de alguns incidentes todos se divertem dentro das
opções variadas; música, teatro, parques,
exposições etc.
A
rainha escolhe uma cidade dentro do país para sua visita onde é recebida
não só pelo prefeito mas por todos os moradores
locais, que acenam, estendem a mão para cumprientá-la
e retribuem à rainha esse amor excessivo à monarquia.
Esse ano a rainha Beatrix falou emocionada sobre sua mãe,
a rainha Juliana, que faleceu recentemente aos 94 anos
de idade.
A
princesa Máxima que casou-se com o príncipe
Willem-Alexander e originalmente é argentina, vestiu-se
informalmente e acompanhou a Família Real distribuindo
sorrisos e espontaneidade. Fiquei pensando na época
de seu casamento e toda a controvérsia do momento:
o pai de Máxima, acusado de participar do regime
militar e opressor que marcou a história da Argentina,
foi proibido de fazer parte da cerimônia de casamento;
jamais a rainha se sentaria ao lado de um homem acusado
de participar da (Guerra Suja). A noiva, que casou-se sem
a presença dos pais, não conteve as lágrimas
ao ouvir “Piazzolla” durante a cerimônia,
emocionando o coração de todos os holandeses.
Depois
veio a polêmica do passaporte: se a Holanda,
um país que se coloca tanto contra qualquer tipo
de discriminação e luta pela a igualdade
de todos, não fugiu à regra de outros países
imperfeitos; deram-lhe a cidadania holandesa antes mesmo
do casamento. Enquanto outras pessoas fora do mercado comum
Europeu ainda teriam que prosseguir com um longo e penoso
procedimento para casar-se com um cidadão Holandês.
E tudo passou em silêncio, a Família Real
não teceu nenhum comentário a respeito. A
complexidade na lei para com os estrangeiros tornar-se
cada dia mais rígida e apesar do governo promover
um programa de integração social, as portas
estão se fechando. Quem entrou, entrou, quem não
entrou, deve se espremer por alguma fresta.
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