MÚSICA ALEATÓRIA
Sérgio
Godoy
Quando
Marisa Monte apresentou-se em Amsterdã deixou
de impressionar os Holandeses; mal visual e pouca energia.
Depois foi a vez de Daniela Mercury que, ao contrário
de Marisa, explodiu em vitalidade. Elza Soares, quem diria,
ainda mostrou-se capaz de sambar, introduzir um novo repertório
e mais uma vez ressoou sua tão peculiar voz.
Sexta-feira
passada fui ao show de Trio Mocotó. Pouco sabia
sobre esse Trio que fez sucesso no final dos anos sessenta
e gravou o último album em 1975 até recentemente,
reaparecer e chamar a atenção dos Europeus.
Com espaço suficiente para dançar, os brasileiros
e holandeses compartilharam a mesma noite entre pequenos
passos de samba e muito enigmatismo dos cantores. Depois
de três horas entre caipirinha e cerveja eu já não
sabia mais como controlar a minha maneira Paulista de sambar.
Encontrei um antigo amigo que com o olhar bem triste me
disse que estava considerando seriamente retornar ao Brasil: “Amsterdã não é mais
a mesma!” e eu fiquei sem saber o que responder:
assunto delicado para uma noite descontraída.
No último
dia 19 foi a vez de Bebel Gilberto marcar sua presença
em Amsterdã. Apesar da bonita voz ela não
conseguiu “energizar” a platéia, que
sem muito interesse dispersaram-se para os cantos, responderam
aos celulares e não conectaram-se ao som da “Nova
Bossa” de Bebel. Muitos holandeses já a conheciam
devido o grande sucesso de seu primeiro cd e desejavam
vê-la de perto. A música de Bebel é para
ser ouvida, deliciar-se com as líricas e provavelmente
a cantora deveria ter se apresentado em uma casa de espetáculos
menor que Paradiso e com melhor acústica. As últimas
quatro músicas foram divididas com Lílian
Vieira, que sem deixar por menos, levantou o ânimo
da platéia.
Em
breve será a vez de Caetano. Ingressos a preço
bem alto: 40 euros. Valerá a pena pagar tanto? Enfim,
a Holanda começa a se interessar, descobrir e ver
o Brasil com outros olhos; também temos cultura!
(Ainda que em termos de literatura o conhecimento é quase
zero).
Não sei bem a razão mas esse ano o Brasil
foi tema principal em muitos países Europeus e caminhar
pelas ruas é ver muita camiseta verde e amarela.
Algumas lojas investiram no display e colocaram fotografias
do Rio de Janeiro em suas vitrines. Em Londres uma das
maiores lojas de departament, a Selfridges, promoveu a
semana brasileira. Mas me pergunto se os Europeus são
conscientes ou interessados na realidade de nosso país,
ou somos ainda, aleatoriamente apenas uma imagem de exotismo
e sorrisos nos lábios?
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