AMIGOS
ONLINE
“Berna,
27 julho 1946
Fernando,
deixei
de responder logo à sua carta porque exatamente
estava em período agudo de precisar receber e não
de escrever. Ainda estou assim, mas hoje é domingo
de manhã, está chovendo e tudo está escuro;
e como não vejo mesmo jeito de receber, então
saio de meu egoísmo e lhe escrevo com prazer… Clarice”
**Cartas
Perto do Coração/ Editora Record – 2002**
Ao
ler o livro – Cartas Perto do Coração
/ Fernando Sabino e Clarice Lispector – não
pude deixar de sentir certa similaridade entre eu e duas
escritoras brasileiras; Sandra Falcone e Vânia Moreira
Diniz.
Há alguns
anos atrás quando pela primeira vez resolvi buscar
na internet informações sobre acontecimentos
literários no Brasil, a primeira página que
se abriu diante de meus olhos foi a Web Page de
Sandra. Após ler seus primeiros poemas fiquei em
estado de fascinante encantamento, tentando absorver as
palavras dos poemas que naquele momento preenchiam minha
alma com muita beleza, qualidade e vivência. Através
desse site cheguei até Blocosonline, onde pude pela
primeira vez publicar alguns poemas e foi nesse mesmo site
que também conhecei os poemas de Leila Míccolis
e encontrei Vânia Moreira Diniz. Vânia tornou-se
uma amiga “à distância”; o espaço
geográfico não foi barreira para que nos
tornássemos amigos.
Vânia
abriu espaço para que eu pudesse enviar meus trabalhos
e publicá-los em seu site. Sempre senti-me à vontade
para reclamar de “maus dias”, apontar minhas
dúvidas e inseguranças diante de meus textos.
De Vânia sempre aportava uma palavra de carinho,
de apoio, mesclado em sua própria experiência
como escritora.
Quando
estive em São Paulo procurei por Sandra Falcone
que me recebera em seu escritório. Após vários
e-mails essa era a primeira vez que nós nos encontrávamos.
Alí estava eu, tímido, diante da mulher que
por coincidência aparecera pela primeira vez em uma
tela incógnita de um computador em Amsterdã.
Contava-me sobre o lançamento de seus dois livros
e dos planos para o terceiro, sobre a dificuldade de publicar
e vender poesia no Brasil. Entre um cafezinho e outro,
discutimos literatura e falamos sobre nossos planos. Não
pude deixar de mencionar o quanto estava feliz por estar
em São Paulo, do prazer de conhecê-la pessoalmente
e que com dedicação intensificaríamos
nossa amizade. Retornei à Holanda. Mantemos contato,
ainda que esporádicos, prometendo organizar uma
nova visita. Infelizmente desde então não
voltei ao Brasil.
Ainda
que a distância marque o silêncio da presença
física, a saudade fica adormecida quando na tela
de um computador pode-se ler os textos dos amigos, olhar
o sorriso aberto em uma fotografia e enviar um e-mail.
Há quase um ano atrás recebi o convite de
Marcia Curvo para participar em seu site: Brasileiros na
Holanda. Com o passar do tempo fortalecemos nossa amizade,
baseada em respeito mútuo e carinho. Não
há gratificação maior que poder ver
nosso trabalho admirado por outros brasileiros residentes
em diversos continentes. Um dos melhores resultados é ver
meus textos publicados em seu site ao longo de outros colunistas;
cada um com seu talento e estilo. Os comentários
deixados por leitores também nos faz refletir sobre
a origem da mensagem que ardosamente tentamos passar. Brasileiros
na Holanda chegou na hora certa; a hora em que nós,
residentes nesse país, nos perguntávamos “ Onde
estará escondida essa comunidade brasileira?” O
trabalho intensificado de Marcia, mostra hoje que Brasileiros
na Holanda expandiu-se e atravessou fronteiras, provando
mais uma vez que tudo que é feito com dedicação
gera um gratificante resultado.
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