PAASVUUR
Sérgio Godoy
Estive
em Borculo. Estranho nome para o
bonito vilarejo na província
de Gelderland. Passamos quatro dias em
uma casa no meio de uma floresta com
um grupo de amigos. Duas coisas que sempre
me chamam atenção quando
viajo pela Holanda são: a sensação
de espaço físico – o
interior da Holanda é vasto -
e costumes que se diferenciam neste país
tão pequeno. Em vez das típicas
vacas, pude ver bonitos cavalos que corriam
em passos ostensivos. Com mapas e direções
determinadas pedalamos contra o vento
descobrindo paisagens inusitadas. Uma
das paradas obrigatórias foi em
uma fazenda com um restaurante especializado
em panquecas e obviamente o ponto de
confraternização das famílias
locais.
Em
Zwiep conheci De Witte Vrouwen;
uma lenda antiga que conta
a história
de mulheres em branco que apareciam no
início da noite nas florestas
cobertas em nevoeiro, assustando principalmente
as crianças. Lenda bastante
conhecida entre os holandeses: Spoken in het bos!
A
Páscoa é também
comemorada nessa região de maneira
diferente e o mais esperado momento é o paasvuur;
em vários locais
eles fazem uma grande fogueira de mais
ou menos 10 metros de altura e isso torna-se
o evento mais desejado dos moradores
dessa região. É bonito
e também intrigante ver centenas
de pessoas que se colocam juntas para
observar as chamas que iluminam a noite
escura. Para os garotos e garotas que
ainda não se atreveram na noite
de Amsterdã, a oportunidade de
dançar em um clube também
chega com o paasvuur.
O clube é improvisado,
duas bandas são contratadas e
os jovens de vários vilarejos
se encontram em uma única noite
onde a páscoa proporciona
a possibilidade de divertimento.
Após várias cervejas saímos
desse clube ainda para ver as chamas
que se debatiam contra a forte chuva.
Antes
de nosso retorno a Amsterdã atravessamos
a fronteira e fomos caminhar em uma bonita
reserva natural na Alemanha, onde caminhamos
seis quilômetros observando pássaros
e bonitos flamingos cor-de-rosa. Depois
de um irritante engarrafamento na A1
chegamos em casa cansados, mas satisfeitos.
Desde
que cheguei à Holanda possuo
um mapa onde marco em cor as regiões
já visitadas. Procurei por Lochem,
Borculo e Zwiep. Tracei círculos amarelos
e fui dormir.
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