QUEM ATIROU A PRIMEIRA PEDRA?
Sérgio Godoy
O conflito no Líbano foi desencadeado a 12 de julho quando Israel lançou uma ofensiva militar contra o grupo xiita libanês Hezbollah, depois de ter raptado dois militares israelitas e matado oito num ataque na fronteira entre o Líbano e Israel. Essa guerra já matou 400 pessoas e outros, um milhão e meio de habitantes, tiveram que abandonar suas casas.
Ouvimos nos noticiários que a maioria dos israelenses apóia a ofensiva contra Hezbollah no Líbano e que em São Paulo aconteceu um grande protesto contra os ataques. Comunidade árabe e políticos cobram do governo brasileiro uma posição pública de repúdio à invasão do território libanês. Mas no meio do caos emblemático do Médio Oriente interessa realmente saber: quem atirou a primeira pedra? Se é essa a base das acusações mútuas que movem e moveram ao longo de décadas países, Estados e nações como Israel, Síria, Irã, Palestina, Líbano, Iraque, Líbia, Egito e outros, como engendrar uma solução para a região? O terrorismo existe de parte a parte. Israel se defende na base da auto-defesa. Os alvos civis existem nos rascunhos militares e terroristas são potencialmente todos nós.
Na terra berço de algumas das mais importantes religiões, pátria do perdão, do respeito pelo outro e do "dar a outra face", a solução tem de ser política. A questão não é o petróleo. Esse é o culpado fácil. E se a política depende de alguma coisa é da cultura. O choque é cultural. Não de toda a cultura, mas sim daquela forma decadente de copiar a tradição sem querer evoluir. Ouvimos inúmeros testemunhos – irracionais aos olhos de muitos ocidentais, na raiva e ódios expressos por quem não é igual. As guerras existem porque há fronteiras. Mas enquanto os mísseis são disparados, talvez devessem pensar que ninguém se lembra de quem atirou a primeira pedra. Isso nada importa. Embora todos a evoquem.
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