Voltar à página inicial
TEMPO NA HOLANDA
Tempo na Holanda
TEMPO NO BRASIL
Patrocine este autor anunciando aqui
Compre livros do Brasil e receba-os em sua casa!
Colunas


Susana Alves-Jas
nasceu no Rio Grande do Sul, na região da Serra, Licenciada em História e Pós-Graduada em História da América Latina pela Universidade de Caxias do Sul.Gosta de música, passear, fotografia, de estar com a família, AMA animais e conhecer novas culturas.
- Colunas Anteriores


QUAIS FORAM (SÃO) SEUS MAIORES OBSTÁCULOS NA BUSCA DE EMPREGO ?

Susana Jas

 

Trabalhar, quando se é imigrante, não é fácil.  Sempre vai representar um ou vários passos para trás na vida profissional que já estava em andamento no Brasil.  Para alguns, significa mudar totalmente o ramo.  Para outros, pode significar estagnação profissional. E, vejam bem, eu não me refiro aqui àqueles que vem somente para juntar dinheiro e depois de um tempo irem embora.  Falo de quem vem e quer construir sua vida profissional aqui. As dificuldades são as mais diversas, e vão desde a busca, até a adaptação ao ambiente de trabalho.

Eu vou enumerar minhas dificuldades na busca por emprego e gostaria de saber da sua, principalmente se você for brasileiro que vive aqui na Holanda. Leiam e depois completem se esqueci de alguma coisa.

DISCRIMINAÇÃO

Um dos fatores que, provavelmente mais me incomoda nessa busca por trabalho: preconceito por nacionalidade e por idade(esse existe no mundo todo).

As agências têm o papel de um pente fino... nem encaminham quando olham a data de nascimento e vêem que entrou na casa dos “enta”...
Os jovens representam um salário mais baixo e mais ambição. Isso é o que muitos pensam, porque já vi muitos jovens se “encostando” no seguro-desemprego.

AGÊNCIAS INCOMPETENTES E ELIMINATÓRIAS

Agências que não respondem ou nem sequer acusam o recebimento do seu currículo. Sem falar quando marcam entrevistas e a gente tem de viajar um bom pedaço para chegar lá e ouvir, lá pelas tantas, que nosso perfil não se encaixa na função ou que outro candidato tem mais experiência.  Será que não sabem ler o CV que a gente manda e observar essas informações ANTES de chamar ?

Há as que a gente contata por telefone, eles ficam de ligar e dar uma posição sobre o emprego, mas nunca mais se ouve falar. E há as que criam exigências maiores do que as das próprias empresas . Também, há a maioria esmagadora, que prefere dar emprego para alguem já empregado (que só quer mudar de atividade), do que para alguém que está esperando uma oportunidade de entrar para o mercado de trabalho.
Minha experiência com agências, não foi muito positiva. A maioria representou muito mais bloqueio do que ajuda.

IDIOMA

Entendo e apoio o fato de ser melhor falar o idioma local para poder trabalhar e  se engajar no grupo.  Mas, há que se convir que, algumas vagas são em multinacionais e exigem apenas o inglês e outro idioma europeu (espanhol, português, francês...).
Por que então exigir e bloquear a pessoa, só porque não fala um holandês fluente ?
Resposta deles: “Você está na Holanda e vai trabalhar para uma empresa que está AQUI.  TEM DE falar holandês.”
Pergunto eu:  “Tem de ?  Mesmo que eu não vá utilizá-lo ?”

FRUSTRAÇÃO, BAIXA AUTO-ESTIMA, DEPRESSÃO

São alguns dos sentimentos que a gente experimenta depois de tanto receber “nãos”. Fica dificil gostar e olhar para o lado positivo de um lugar que não vê o SEU lado positivo e SUA vontade de contribuir.
Quando se faz parte da população que trabalha e é considerada, fica mais fácil olhar para a Holanda e dizer: faço parte desse país, fui aceita como alguém que pode produzir e dar sua contribuição. É absolutamente diferente analisar uma situação quando se está fora da posição defensiva.

DICAS DOS “AMIGOS”

Quantas “dicas” de emprego de brasileiros, estilo:  vagas já preenchidas, ou sabendo que haveria recusa por causa da distância, etc...  Essas dicas “chovem” quando a gente está na necessidade. Eu, posso contar nos dedos de uma mão as ofertas sinceras que recebi.
E que dizer daqueles que chegam, uma semana depois da vaga preenchida: “Estavam precisando de alguém que fala português lá onde trabalho. E eu esqueci de lhe avisar.”

Ninguém tem obrigação de achar emprego para ninguém, mas lembrar do próximo na dificuldade, pode ser uma enorme boa ação.

DIFERENCAS CULTURAIS AO ANALISAR CURRÍCULO

Nunca pensei que isso fosse contar na busca por um emprego. No Brasil, para ajudar meus pais a pagarem minha Faculdade e minha especialização, eu trabalhei em diferentes atividades.  Quem é brasileiro sabe que lá, a gente se “vira nos 30” para alcançar nossos objetivos.
Pois bem, aqui, meu currículo chegou a ser deixado de lado por causa disso.  Disseram que eu parecia uma pessoa que não sabia o que queria por ter passado por várias funções. Aí, outra agência diz que isso significa versatilidade... Vai entender... E, o medo que eles têm de ver nossa disposição em viajar para o outro lado da Holanda para trabalhar!!

EMPREGOS “OPERACIONAIS” E  VOLUNTÁRIOS

Por mais que a gente ache que se encaixe num emprego administrativo, mesmo tendo experiência nesse setor no Brasil, empregos que mais apareceram foram: limpeza, camareira, entregadora, voluntária...  Aliás, nunca tem emprego em lugar algum, mas, e’ so’ se candidatar para trabalhar de graça que há vagas sobrando.  Estranho não ?
Na verdade, concordo com a Vi, brasileira que mora em Mônaco:  o problema não é limpar banheiros... o problema parece ser a forma como os conterrâneos BRASILEIROS nos vêem por limparmos banheiros.

A ETERNA COMPARAÇÃO DOS CONTERRÂNEOS

Coisa mais chata isso !
O que vi de gente mentindo ou escondendo o que realmente exercia, para fazer “tipo” para outros brasileiros !
É o tal: “o que o fulano vai pensar ?”
Aí, coloca no site, no blog, ou sei lá aonde, que faz isso, que tem aquilo, que o salário é assim, assado... E, quem sabe da realidade, fica só na platéia dando risada...

Estranho, porque em forums ou discussões, a maioria dos brasileiros se queixa da mesma coisa:  dificuldade para encontrar empregos ou ter de trabalhar em empregos “operacionais”, como limpeza por exemplo.  Depois, a gente lê os blogs, está todo mundo com empregão !

Menciono isso, não como fofoca, nem como despeito, mas para dizer que isso muitas vezes me fez sentir como a unica fracassada e a única sem sorte.  Hoje sei que não é bem assim.  Estamos TODOS no mesmo barco, ou pelo menos, na mesma água.  Uns chegam ao outro lado do rio antes, talvez por terem um barco melhor, ou por terem saído desse lado da margem mais cedo; mas todos têm de fazer a mesma travessia.

 

Comente aqui:

Visite nossa página de anúncios classificados
Como chegar
Guia de mapas e transporte público
 
Colunas Anteriores

 

 
 
 
.: Importante :.
Todas as colunas são de única e exclusiva responsabilidade dos seus autores.
Suas opiniões não refletem necessariamente o pensamento da criadora do site.
Site criado e mantido por Márcia Curvo - Reprodução proibida ©2005 - Para sugestões ou anúncios entre em contato conosco.