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Susana Alves-Jas
nasceu no Rio Grande do Sul, na região da Serra, Licenciada em História e Pós-Graduada em História da América Latina pela Universidade de Caxias do Sul. Gosta de música, passear, fotografia, de estar com a família, AMA animais e conhecer novas culturas.
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DIGA AAAAAAAAAAAA…

 

 

Confesso que logo nos primeiros meses de Holanda eu fui uma das muitas que criticou o Sistema da Saúde daqui.

Ainda vejo contras, mas no geral acho que funciona bem.  OK, tem listas de espera imensas para cirurgias; tem de ligar para marcar hora antes de ir ao Huisartsenpost (uma espécie de Pronto Atendimento para consultas após as 17h e finais de semana) e no final das contas tem de sentar lá e esperar horas sem fim antes de ser atendido; o paracetamol resolve quase tudo; as consultas normalmente não passam de 10 minutos (o médico falando com você e olhando constantemente para o relógio de parede),  etc... Mas, o que ainda me incomoda muito são as dokters assistenten, secretárias dos médicos.

Essa função aqui parece ter o objetivo único de bloquear qualquer contato com o médico. Liga-se para o huisarts ou especialista para marcar uma consulta, primeiro temos de explicar o caso todo para a secretária que, analisa e vê se o paracetamol não resolveria o caso. Se ela resolve que o paracetamol é suficiente, não adianta discutir.

Numa segunda opção, ela fala com o médico, explica o nosso problema e liga de volta receitando o paracetamol... hehehehe...

Eu sei que vai ter quem diga que elas seguem um curso especializado para serem secretárias de médicos e lá recebem o preparo para atender os pacientes ao telefone.  Mesmo assim, não confio nos seus diagnósticos.

Fico imaginando isso tudo naquela brincadeira do “telefone sem fio”... Que história será que chega aos ouvidos do médico , considerando a barreira imposta pelo idioma?
Imaginem a cena (como diria o humorista):

Você liga (no começo do dia) e explica à secretária seu problema (imaginemos uma situação qualquer): “_ Estou há uma semana com dores nas costas que me tiram o sono e agora começou a doer ombro e nuca. Já tentei paracetamol mas não está sendo eficiente. Gostaria de marcar uma consulta para ser examinada ou encaminhada para exames.”

Ela, obviamente, vai passar seu caso ao medico : “_  Dr.X, a paciente Y ligou e disse que há, mais ou menos, uma hora começou uma dorzinha na nuca , que se estende para os ombros; talvez ela tenha tomado muito paracetamol e esse não faz mais efeito. Tem dormido mal e isso causou dor nas costas.”

Receita do Dr. X: “_ Isso passa por si em uma semana. Mande-a esperar e voltar a comuicar se houver uma emergência.”

A secretária lhe telefona (ao final do dia) e diz: “_ O paracetamol vai funcionar, ‘e so’ esperar mais uns dias. Tudo isso tem um ciclo e acaba por passar em uma semana. É normal o que a senhora está sentindo.  Há uma virose em nossa região e milhares de pessoas estão com queixas dos mesmos sintomas. Siga as orientações e ficará bem.”

Tudo bem que não é sempre assim, mas quem de nós ainda não passou por pelo menos umas duas experiências desse tipo ?

Acredito que pelo número imenso de pacientes e, segundo o Governo, poucos médicos, eles não dão conta de proporcionar um atendimento mais personalizado e um contato mais próximo com o paciente. Para evitar então, qualquer proximidade (que os holandeses por si não gostam), colocam as secretárias na função bloqueadora.

E funciona mesmo. Acho que é mais fácil falar com a Rainhas Beatrix do que com um médico diretamente.

Porém, entre todos esses empecilhos e mal-entendidos, prefiro o Sistema de Saúde daqui. A principal razão é que todos, ou pelo menos em alguns Planos de Saúde, os exames e medicamentos prescritos pelo médico, são cobertos pelo Plano.  Erros médicos existem em todo lugar, não vejo maior percentagem por aqui.

Fico pensando, por exemplo, em quantas pessoas no Brasil precisam fazer das tripas coração para poderem realizar um exame ou pagar uma medicação. Isso quando possível.

Os holandeses têm ainda um Sistema que investe muito na cura e não na prevenção e isso é o pior defeito do Sistema da Saúde daqui, considerando a paranóia que eles têm por não gastar dinheiro. Um exame Papanicolau que no Brasil é recomendado anualmente, aqui, é solicitado a cada 5 anos.

Às vezes penso que eles confiam demais no seu “taco”.  Preferem investir milhões na tentativa de cura do que na prevenção. A última lei, que proíbe fumar em lugarem fechados, parece inaugurar uma nova fase nesse sentido. Foi preciso doer no bolso dos Planos de Saúde para que eles começassem a atacar na causa e não na consequência.

E fico aqui, de camarote, esperando essa mudança. Aí, decididamente, mesmo com os “bloqueadores médicos”, vou preferir a Medicina daqui. E vou  ficar torcendo para que avanços nos benefícios ocorram no Brasil,  porque ninguém merece pagar uma fortuna por um Plano de Saúde e ter de pagar todos os exames extras e medicações.
Marx pode até estar ultrapassado mas, viva a socialização !

 

 

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